5 de agosto de 2014

Não será?

Não sou uma pessoa de medos. Tenho apenas um: perder alguém que amo. Por mim mas, acima de tudo, pela pessoa. Não sei lidar com essa possibilidade. Não sei nem sei se saberei algum dia conviver com essa injustiça. A finitude humana é angustiante. Se por um lado pode ser vista como um motor da existência, por outro, é paralisante e castradora.
Detenho-me demasiadas vezes nestas ideias. Talvez mais do que deveria, mas nunca teremos o tempo necessário para amar o suficiente, não será?

Maria Amor

Viver na verdade pura

Impressionante a facilidade com que uma pessoa vê o mundo cor-de-rosa se se propuser a tal. Tenho essa capacidade. A de mudar do negro escuro para o cor-de-rosa, o leve, o airoso. O amor por perto ajuda, sem dúvida, mas não é obrigatório. E nesses dias, apetece-me escrever coisas bonitas. Nos outros dias, os escuros, também tenho vontade de dizer qualquer coisa, mas algo me impede. Talvez seja a vergonha do meu fatalismo sem razão aparente. Guardo-o só para mim, espero que passe. E passa, sempre.
Penso em mim, muito. Faço constantes auto-análises. Sei que estou longe de ser perfeita. Mas há coisas que se vão tornando cada vez mais claras. Vejo nas pessoas, em geral, uma fonte de inspiração. Alimento-me delas, e das conversas. Vejo em cada sessão, em cada encontro um momento oportuno de crescimento. E desenho-me. E o traço é cada vez mais seguro. Estabeleço regras para mim. Tento transportar a correcção técnica que uso em consulta para o meu dia-a-dia. Não me sinto bem em conversas sem conteúdo, a falar deste ou daquele. E é uma coisa que começa a tornar-se visceral. Quando sem querer o faço e mais tarde me apercebo, chega quase a causar dor. Como se fosse contra os meus (novos) dogmas.
Se custa estar em constante alerta? Muito. Se numa fase inicial era atormentador? Nem se fala. Mas, com o passar do tempo, torna-se numa forma de estar, que considero melhor, sobretudo para mim.
Sinto-me menos "julgadora", menos crítica, mais aceitante e, acima de tudo, mais livre. Ao final do dia, nada paga a paz de espírito que ser assim me tem trazido. É um estar de bem com o mundo e com os outros que não conhecia. É, fundamentalmente, viver na verdade pura.

Maria Amor

4 de agosto de 2014

Vai ser

Trocas e baldroca, planos adiados. Confesso que, secretamente, era o que mais desejava. Ainda não tive "a ideia". Sei que vou tê-la, quando algo dentro de mim me disser que "é desta que já não vai haver mais adiamentos". No entretanto, vou despachando outras coisas. As horas passam a correr e daqui a pouco chega o meu céu.
Vai ser amor (aos montes), brincadeiras (tontas), conchinha (para adormecer), divagações (pela noite fora), eu (com ele), fofices (muito boas), gordices (entre nós), histórias (de princesas e príncipes), invenções (daquelas que doem!), J. (tu, tu, tu!), lamechices (que o enjoam), miminho (que o derrete), nós (sempre), oó (descansado), paz (com ele), queridicies (a toda a hora), risos (nossos), sorrisos (cúmplices), tontices (que só ele entende), utopias (a nossa vida) , verdades (constantes), X (proibições), zangas (tontas). 

Maria Amor

Só isso, fará deste dia um dia bom

Mais uma semana a começar. A entrar obrigatoriamente com o pé direito.
Ao final do dia vou reencontrar o sorriso mais querido, aquele que me preenche. Só isso, fará deste dia um dia bom. Afinal de contas, tudo está bem quando acaba bem.
Até lá, muito trabalho pela frente. O verbo acreditar tem de ser conjugado em todas as seis pessoas, com figas à mistura e o grande desejo de cair em graça (porque, já dizia a minha avó, mais vale cair em graça do que ser engraçado).
Uma ideia a ganhar contornos regada a café, café e mais café. Costumava ser tão criativa. É preciso respirar fundo para que entre a pressão da uma data final e uma reunião importante o cérebro voe e faça magia.

Maria Amor

3 de agosto de 2014

Agora é hora de desligar

Sensação parcial de dever cumprido. Mas vontade de fazer mais. Muito mais e melhor. Mobilizar tudo e todos para esta missão que é a de tornar esta casa num lar. Tenho tudo na minha cabeça. Mil ideias. A lentidão a que o orçamento obriga é que me aflige. Se fosse possível, era tudo para ontem. Como não é, agarro-me à crença de que no final saberá melhor ainda. 
Agora é hora de desligar. É hora de sonhar (a dormir). Amanhã será um dia bom. Porque matar-se-ão saudades depois de um dia de trabalho, onde se espera magia. 

Maria Amor

1 de agosto de 2014

"parece que foi ontem"

As semanas voam. Apercebo-me disso quando uma cara que não vejo há 7 dias aparece novamente e a verdadeira sensação do "parece que foi ontem" se instala.
Não vai ser um fim-de-semana fácil. Espero, do fundo do coração, que seja de mudança. Para melhor.
Espero que os frutos comecem a aparecer.

Maria Amor

28 de julho de 2014

Quero que os "ses" deixem de existir

Pergunto-me porque é que sou assaltada tantas vezes por estas ondas de parvoeira.  Deixo de ter vontade de escrever, de ter vontade de sair, de ter vontade de falar. Depois, sem mais nem menos, tudo começa a entrar novamente nos eixos.
Paro e penso frequentemente sobre isto. Sobre mim. E chego invariavelmente à conclusão de que não faço nada de que realmente goste. Nada que me faça esquecer que o resto do mundo existe (namorar não conta, refiro-me a coisas exclusivamente minhas, como dançar, outrora). É uma coisa necessária, não é? Termos tempo para nos perdermos em nós, connosco.
Passo os dias a ouvir as pessoas. A ajudá-las a perceberem-se. E quando chega a hora de me ouvir a mim mesma, já não tenho paciência para ouvir coisa nenhuma. E isto frustra-me. Porque no dia seguinte passou mais um dia em que eu fiquei esquecida para mim mesma.
Quero que os "ses" deixem de existir. Quero concretizar.

Maria Amor

21 de julho de 2014

Resta-me estar feliz

Segunda-feira.
Depois de um fim-de-semana atípico, vivido entre saudades e trabalho inesperado é dia de renovar esperanças. Dia de renovar forças.
Uma segunda-feira diferente. Em vez de ser de adeus é de olá. É de sorrir e abraçar. E beijar. E mimar.
Perante isto, resta-me estar feliz. E passar o dia a desejar que sejam seis da tarde, mais ainda do que o normal.

Maria Amor

16 de julho de 2014

Consome-me

Passou quase um mês desde a última vez que escrevi. Não por falta de vontade. Nem tão pouco por falta de tempo. É qualquer coisa cá dentro. Não é desmotivação. Não há razão para isso. Venho, todos os dias, leio os blogs que sigo com a mesma regularidade de sempre. Volta e meia início um novo post mas, invariavelmente, acabo por desistir depois das primeiras palavras. Porquê? Não sei. Tento perceber, actuo como psicóloga de mim mesma. Tento perceber o porquê deste estado. E não consigo chegar lá.
Sinto-me feliz no trabalho. Sinto-me feliz no amor. Sinto-me feliz na amizade. Sinto-me feliz. Acho eu. Mas, mesmo assim, falta qualquer coisa.
E isto é horrível.
A brincadeira de dizer que sou uma eterna insatisfeita começa a deixar de ter graça. Consome demasiada energia. Consome-me. Mas é um sentimento incontrolável e, aos meus olhos, incontornável. É uma vontade de não fazer nada que não consigo explicar. Ficar parada a um canto... E sei que as horas poderiam passar por mim que eu não notaria sequer. Sinto um sono avassalador. Uma ausência de energia. Mas não é físico.
Não sei...

Maria Amor

23 de junho de 2014

Temos que nos contentar com segundas opções

A segunda-feira nunca é fácil. Há quase um ano que começa com um Adeus. E os "Adeuses" doem. Doem no passar das horas. Doem quando se chega a casa e aquele sorriso que nos preenche não está. Doem na altura de nos aninharmos para dormir. Doem quando pensamos no começo de um novo dia.
Mas a vida, neste momento, é assim. Não pode mesmo ser de outra forma. E cabe-me aceitar. Contrariar a tristeza. "Forçar-me a ter forças" e vontade de brilhar. Obrigar-me a ver coisas boas e positivas (que as há) quando só me apetece entrar em negação total.
Só faltam duas horas para terminar o dia de trabalho. Há dias em que temos que nos contentar com segundas opções e, hoje, o aconchego da minha casa, mesmo vazia, é uma boa segunda opção.

Maria Amor

19 de junho de 2014

Tudo tão natural, tão lógico para mim, tão óbvio

Estar numa esplanada a uma quinta-feira à tarde é um luxo. Que vai acabar brevemente. O trabalho começa a aumentar a olhos vistos. O sorriso também.
Sinto-me no caminho certo. As relações fortalecem-se. O sentimento de pertença aumenta. A dedicação cresce. O alinhamento de ideias, o "vestir a camisola", o vibrar com os valores defendidos... Tudo tão natural, tão lógico para mim, tão óbvio. Sem custos, sem sacrifícios, com toda a convicção. E o desejo secreto de que daqui a um ano me renovem pelo bom trabalho. 
Aquele receio de não estar suficientemente à altura (e que considero tão necessário que esteja presente para que nos tentemos sempre superar) também já se faz notar. É o peso da responsabilidade, chamo-lhe eu. 
Mais uma semana, boa, a chegar ao final. E o fim-de-semana mais feliz a esperar por mim, por nós.

Maria Amor

18 de junho de 2014

Magoa o coração

Não consigo conceber que uma pessoa viva em sofrimento por causa do trabalho. Aliás, sei bem o que isso é. O que na realidade não consigo aceitar é que uma pessoa sofra e não faça nada para que isso mude, seja trabalho ou outra coisa qualquer.
O trabalho acaba por saltar à vista porque é algo com que temos de lidar todos os dias, oito horas por dia, no mínimo. Obviamente, ao fim de um tempo, o sofrimento pelo qual estamos a passar torna-se totalmente insustentável e uma pessoa "passa-se de vez".
Já estive assim. E, de facto, só fui capaz de agir quando cheguei a um limite, a um extremo. Quando me apercebi que a minha vida estava a ficar dominada por todo aquele azedume e desespero. Quando o choro era constante. Quando nada do que me dissessem ou acontecesse de bom no meu dia-a-dia me fazia sorrir.
Mas, com o meu sofrimento posso eu bem. A maior dor é ver a pessoa que mais adoro a passar por isto, e não conseguir fazer absolutamente nada. É uma impotência que magoa o coração. 

Maria Amor

17 de junho de 2014

Aliás...

Que dia "chocho". Não gosto desta palavra. Tal como não estou a gostar do dia.
As horas estão a demorar a passar. Não vou poder ir directa para casa. Ainda só é terça-feira. Estou com um humor de cão.
Apesar de não me poder queixar grandemente da minha vida, estar longe de quem amamos custa. E há dias em que custa mais do que outros. Dias como o de hoje. Dias em que ambos estamos de mal com isto tudo. E depois, não há meio de haver aquele olhar reconciliador. Não há a possibilidade de abraço que serenaria as almas mais inquietas. São estes momentos que realmente me revoltam. Quando estamos juntos não há mal que não passe rápido. Quando estamos longe, qualquer grão de areia parece um pedregulho dentro do sapato.
Discute-se o futuro. Ou a falta de perspectiva de futuro. Dói na alma ter de sonhar pouco. Dói na alma não poder ser eu... nesta parte dos sonhos. Porque sempre sonhei muito e muito alto. Dou por mim a puxar-me para a realidade, continuamente, e é uma treta. Mas não há forma. A distância que é muita, o dinheiro que é pouco, o emprego, que vai sendo. Como dar a volta a estas questões de base? Como sonhar para além de tudo isto? Aliás, como fazê-lo sonhar apesar de tudo isto? Um realista incurável. Optimista, mas duramente realista.

Maria Amor

É uma mistura de saudades

Tento viver devagar. Tento ir com calma. Mas há aquele momento em que tudo parece virar-se de pernas para o ar. Há luzes amarelas e encarnadas a piscar. Há sirenes a tocar. Como se gritassem "Despacha-te! A vida são três dias.".
Nesses momentos, que não são muitos mas de vez em quando dá-me para aí, é como se me faltasse o ar, o tempo, os dias. É como se a vida tivesse que ser vivida em cinco minutos. E sinto que ninguém (ele) me percebe. Porque ele sabe viver um dia de cada vez.
Mas eu, eu queria todas as juras, todas as promessas, eu queria tudo a acontecer no dia seguinte.
É uma mistura de saudades pelo que já vivi, pelo que hei-de viver. É uma saudade constante, porque ele está longe. E sinto a vida a gastar-se.

Maria Amor

16 de junho de 2014

Numa realidade paralela

Depois de uma boa semana tudo se completou num excelente fim-de-semana.
A melhor praia, o melhor sol, o maior amor. Acordar mergulhada na natureza, aninhada num abraço infinito, ouvir o som do mar. Tudo com uma calma estonteante. Numa realidade paralela.
Chegar a casa à meia-noite e arrumar tudo para a semana que entra, em cinco minutos. E correr rápido para os braços dele, porque agora só daqui a cinco dias voltamos a sorrir com a mesma intensidade.

Maria Amor

13 de junho de 2014

É isto a felicidade, não é?

Sexta-feira 13.
O melhor dia da semana. O último. A correr tão bem. Com os olhos postos no fim-de-semana. No que ele promete. Amor, praia, descanso, calor.
Estes últimos dias têm sido de corrida mas não a correr. O foco no que está a acontecer é cada vez maior. A disponibilidade, a motivação, a vontade "de fazer bonito" são cada vez maiores. Os sorrisos são uma confirmação. As relações vão-se estreitando. É bom. Dá ânimo.
Eu, sigo com a missão de fazer um bom trabalho mas, além de tudo, com a missão de me manter fiel a mim mesma e às aprendizagens que vou fazendo.
Há valores que fazem cada vez mais sentido. Valores com os quais me identifico e pelos quais quero pautar a minha vida, a minha prática profissional: a verdade, a crença no que faço, o mostrar a minha voz e de fender uma posição.
Foi uma boa semana. O começo real do que há-de vir. É isto a felicidade, não é?

Maria Amor

11 de junho de 2014

O que me alegra?

Fim-de-semana tão bom. Alguns passos percorridos no caminho de aprender a não fazer nada. É loucura, eu sei. Normalmente é ao contrário, também sei. Passar dois dias sem ligar o computador porque tenho de terminar um trabalho urgente, porque tenho de enviar um e-mail que não pode esperar umas horas, porque tenho de acrescentar um vírgula aqui ou ali não é uma coisa fácil para mim. Não o é porque foi tempo de mais neste registo e, apesar de toda a fartura que pudesse ter, era um modo de estar (que acabava por fazer mais mal aos que me rodeavam do que propriamente a mim, que nunca dramatizei o facto de não ter um fim-de-semana só para descansar).
Mas tenho feito um grande esforço. Durante o dia, em que estou distraída, a coisa corre bem. Quando a noite começa a cair, confesso, sinto uma ansiedade crescente. "Não fiz nada o fim-de-semana inteiro, como é possível?", é este tipo de pensamentos que me assalta.
Mas aí entra ele, com toda a sua descontracção, e me relembra o significado do conceito "fim-de-semana".

Hoje foi um regresso ao trabalho com muita motivação. Por ser quarta-feira mas, também, por ter descansado. É esta a grande diferença que noto no início das semanas, venho renovada! No entanto, continuo a contrariar todas as regras de gestão do tempo que conheço (burra!) e ando aqui num pandemónio a tentar dar conta do recado. O que me alegra? É trabalho de escrita. E posso escrever (mais ou menos) à minha vontade. E foi num ápice enquanto a manhã passou. E daqui a pouco, é fim-de-semana outra vez.

Maria Amor

6 de junho de 2014

Há muito, muito tempo

Tudo está bem quando acaba bem. Foi uma semana vivida no rescaldo da decisão tomada. Uma decisão que não foi aceite pela chefe. Que não foi, infelizmente, nada cordial na forma como mo fez saber.
Depois de dias em que o silêncio reinou, o e-mail recebido ontem já durante a madrugada deu a entender, no mais profundo tom de gozo, que esperava que eu organizasse a minha vida e voltasse (apeteceu-me gritar-lhe bem alto que a minha vida, agora que estou longe dela, está mais organizada do que nunca!). Perguntou também se eu estava mais calma (este era o momento em que lhe gritava bem alto que sempre estive calma, sempre, excepto quando tinha que me desdobrar e deixar de ter vida para atender às loucuras pessoais dela). Por fim, diz que tenho de permanecer num dos projectos porque sim, porque ela quer (e aqui, já fora de mim, gritar-lhe-ia: "Mas você paga-me para isto? Nem um cêntimo, por isso cale essa matraca e nunca mais me dirija a palavra!").
Não fiz nada disto. Fui tão estupidamente educada que só me faltou dizer que era com muita pena que vinha embora. Sublinhei bem sublinhado que já não poderia contar comigo e, a partir de hoje, acabou.
Bem sei que esta minha resposta fará com que ela se "atire ao ar", principalmente, por não ter cedido nem perdido o decoro. Agora, só estou da indecisão se marco o e-mail dela como spam ou não (gargalhada maléfica).
Há muito, muito tempo que não me sentia tão feliz.

Maria Amor

3 de junho de 2014

"Não me interessa se falam bem ou se falam mal, o importante é que falem"

Pior do que chegar atrasada a uma reunião de 200 pessoas é, a meio da mesma, ser convidada a levantar-me e ser apresentada àquele mar de gente. Tenho a ligeira sensação que passei por todas as cores do arco-íris, fiz um adeus tímido e voltei a tentar desaparecer. Já era tarde.
O burburinho instalou-se. E dura até agora. Não houve uma pessoa apenas que, desde aquele momento, olhe para mim como mais um colaborador dentro da empresa. Sinto-me um bicho meio estranho!
Mas, já estou como o outro "Não me interessa se falam bem ou se falam mal, o importante é que falem".
Brincadeiras fora, penso que pode ter ido muito importante para o desenvolvimento do trabalho que aí vem esta apresentação relâmpago. E agora, foco, a consulta seguinte espera-me.

Maria Amor

2 de junho de 2014

E é tão bom sentir que estou no caminho certo

É com um misto de estranheza e felicidade que escrevo duas vezes no mesmo dia. E depois de um dia cheio de tarefas. Por hoje já terminou tudo, agora sou só eu. E que bem que sabe, estar aqui por uns momentos sem pensar em mais nada. Perder-me no Pintrest, coisa que há tanto tempo não fazia, e focar-me em ideias novas, daquelas que nos enchem os dias. Ler uma série de blogs em atraso. Ler meia dúzia de páginas de um livro novo.
Se me pedissem neste exacto momento para definir felicidade eu facilmente diria que é "ter tempo para desfrutar do tempo". Já olhei para o relógio um sem número de vezes. Sim, isto é real. Tenho um bocadinho de tempo para mim. E o cão está passeado. E a casa está arrumada. E não há trabalho ao serão.
Quero fazer disto um hábito porque assim o dia de amanhã não custará a chegar, nem a passar.
Quero voltar a sentir que é fácil viver. E é tão bom sentir que estou no caminho certo.

Maria Amor

Foi a minha razão de peso nesta decisão

As duas últimas semanas foram semanas como não me recordo de ter, há muito. Foram semanas tão incrivelmente más que me fizeram tomar A decisão.
Saí de um dos sítios onde trabalhava. No que trabalhava há mais tempo. No que me gastava (e agastava) mais tempo. No que não via futuro. No que não via paixão, nem motivação, nem crença, nem qualquer razão para continuar. E, assim, depois de dois anos decidi. Saí.
Desde então tudo parece mais leve. O trabalho das 8 às 5 continua mas, depois dessa hora, tenho uma vida que, por sinal, até gosto.
Passaram ainda poucos dias da tomada de decisão mas, por incrível que pareça, sinto que ando a levitar. Como é possível que algo nos roube assim tanto de nós?
Foi a minha razão de peso nesta decisão, sem dúvida. Preciso de olhar para mim e saber quem sou. Preciso de olhar para o meu trabalho e vê-lo como uma extensão de mim mesma. Preciso que seja uma camisola que eu queira muito vestir. Preciso, acima de tudo, sabê-lo com muita qualidade. Com toda a que eu lhe conseguir imprimir. Preciso reconhecê-lo: franco, leal, honesto.
Onde estava, já não era assim. Qualquer coisa servia, o "em cima do joelho" era ponto de ordem, o "adiar" palavra do dia. Estava a perder-me. Era o sentimento. Mergulhada num mar de (mau) trabalho, sem alegria, sem querer regressar amanhã.
Sinto que às vezes há que encher os pulmões de ar, pensar por um instante se é este mesmo o caminho e, senão for, com muita coragem, saltar fora.
Agora posso expirar com calma. Descobrir o que está a acontecer, o que há-de vir. Com confiança. Com entrega. Com o entusiasmo que há muito se perdera.

Maria Amor

21 de maio de 2014

Nãos e pontos finais

Quando me sinto desconfortável com isto tudo a que chamo vida, e não são tão poucas vezes assim, dá-me para pensar. Sobre mim, sobre os outros, sobre as várias situações. Tenho chegado, consistentemente, a uma conclusão: quando uma coisa não me interessa e não se encaixa no percurso profissional que tenho tentado traçar, por melhor que ela pareça vista de fora, com os olhos dos outros, não vale a pena. Só vai servir para me roubar minutos de felicidade, para me deixar angustiada, para me cansar.
Depois de todos os esforços para gerir esta situação, sem pensar em abandonar o barco, neste momento é a única solução que vejo. Não há respeito, não há consideração e, infelizmente, os ganhos pessoais não são mesmos nenhuns.
Encontro-me no pleno exercício de aprender a dizer "não" e a colocar "pontos finais". Só traz coisas boas, mas é tão difícil.

Maria Amor

20 de maio de 2014

Preciso de tempo para existir

Há alturas da vida que o caminho que seguimos se começa a revelar insuportável. Não por falta de vontade, ou gosto, mas o cansaço é tão grande. Grande ao ponto de nos fazer querer lidar com o desconforto que é mudar de caminho. O desconforto que é procurar um rumo novo.
Nestes últimos dias tenho chegado a casa, invariavelmente, de rastos. E sempre, sempre com trabalho para fazer. Não consigo respirar. Acordo todos os dias ansiosa pelo dia que começa. Faço contas mentais a dividir o tempo pelo trabalho (de loucos), multiplico pelo cansaço e o resultado é avassalador.
Não há tempo para estar e ficar. Não há tempo para rir. Para conversar só porque sim. Todas as conversas têm um sentido prático. Todos os passos têm um objectivo ligado ao trabalho. E isto está a matar-me. Por dentro.
Porque, feliz ou infelizmente, preciso de tempo para existir.

Maria Amor

16 de maio de 2014

O depois, logo se vê

Foi uma semana intensa. A próxima subirá ainda um pouco mais o nível.
É bom ter trabalho. Com o aproximar do fim-de-semana é tendencial a vontade de não fazer nada. Mas as três tarefas em mãos, para segunda-feira, não vão dar tréguas.
Daqui a 4 horas estarei no paraíso e o tempo vai parar. Vou recuperar a metade do coração que me falta. O depois, logo se vê.

Maria Amor

13 de maio de 2014

Não valeria a pena

Os dias são vividos a mais de mil e, pela primeira vez, não peço que tenham 48 horas.
Não valeria a pena. O corpo não aguenta. 
A toda a velocidade, vou lendo na diagonal o que é vosso. Mas leio, leio sempre. É o meu escape. E é-me tão necessário. Porque não há alma que aguentar tanta reviravolta em tão pouco tempo. 
É imperativo acreditar. 

Maria Amor

6 de maio de 2014

Não é?

Não estou feliz. Neste momento não estou. Não me sinto realizada nem a nível pessoal, nem profissional. Ui, a nível profissional.
Mas, tenho aprendido, às vezes temos a necessidade de acreditar que até nem está tudo assim tão mal, ou que irá tudo ficar bem.
E vivemos assim, neste meio engano, que torna as ausências suportáveis. Que nos faz continuar a percorrer o caminho que sabemos, só de coração, ser o certo. E no meio disto tudo, tentamos continuar a ouvir-nos, tentamos escutá-lo sempre, aos gritos baixinho a pedir para chegarmos rápido. Nem sempre é tão rápido como desejaríamos.
Certo que a felicidade se encontra no caminho e não só na meta. Mas e ensinar-lhe? É ir vivendo. Mas a urgência em chegar é tanta.
Descobri numa conversa aleatória qual é o meu verdadeiro problema. Não podemos mudar o mundo, palavras de um amigo. E, ao ver a coisa tão clara assim, percebi. E mesmo desiludida, mesmo ciente dessa realidade, houve uma parte de mim que não conseguiu acreditar. Haverá sempre pessoas que valem a pena. E tenho uma mão cheia delas perto de mim. E com essas, junto dessas, sei que é possível muito mais que mudar o mundo. Isto é uma prova irrefutável de ingenuidade e crença, não é?


Maria Amor

Lado a lado

Percebo a cada dia que é na nossa diferença que crescemos. Que é no chegarmos um ao outro que nos construímos. Talvez por paixão. Que só assim a diferença e a nossa individualidade ganham lugar, no outro. Talvez por isso o amor seja, afinal de contas, uma construção. E talvez seja por paixão que a ponte construída se mantém.
Não sei. Sei que me encontro na nossa diferença. Sei que é nela que descubro onde sou forte. Sei que é nela que não tenho medo de não ser assim tão forte. Sei que estás sempre do outro lado, e do meu lado. Sei que estás sempre ao meu lado. Lado a lado. 
Tenho uma imensa sorte.

Maria Amor

5 de maio de 2014

As pessoas

Poderia escrever sobre o sol. Sobre o mar. Sobre o vento levezinho que tornava tudo mais agradável. Mas não. As pessoas, muito mais do que outra coisa qualquer, são o que nos faz. E se às vezes sabem bem palavras, muitas palavras, noutras vezes basta a presença. E o sol brilhou mais porque nos reflectiu. 

Maria Amor

28 de abril de 2014

Não me tem feito sentido

Não me tem feito sentido escrever.
Venho, leio aqueles que sigo. Procuro sempre por mais um ou dois. Mas não me fez sentido escrever. Porque não há muito a acrescentar. Porque desta vez, até agora, não me pareceu necessário partilhar a angústia e a desmotivação.
Por vezes, tenho a sensação que nunca serei feliz. Parece que nunca encontrarei o trabalho que me faça querer voltar no dia seguinte e faça vir ao de cima o melhor de mim. Começo sempre com entusiasmo para três vidas. Mas, por esperar demasiado, por querer demasiado, talvez por acreditar demasiado, acabo, invariavelmente, com um sentimento enorme de desilusão. Que, invariavelmente também, nunca tarda muito em chegar.

O fim-de-semana terminou e não consigo não me deixar invadir por estas energias negativas. Preciso de me sentir bem no que faço para ser feliz e estou com tantas dificuldades em encontrar esse equilíbrio. Vive em mim um sentimento de inutilidade, incompetência, de andar à deriva. Procuro, a todo o custo, caminhos e respostas. 

Maria Amor

19 de abril de 2014

Ele sobra-me

Esta noite foi diferente. Foi uma noite quente, e doce, foi uma noite como não tínhamos há muito tempo. Espantei o sono, fugi da vontade irremediável de adormecer em três segundos. Fiz um esforço enorme, claro que fiz. Porque o corpo e a cabeça pediam descanso. 
Dormimos nus, depois de nos descobrirmos devagarinho. Enroscámo-nos, como se fosse a primeira vez. Beijámo-nos até, por fim, o mimo de adormecer no melhor aconchego do mundo vencer.
Acordámos e o desejo pediu mais. Amámo-nos novamente. Olhámo-nos com carinho, nascemos para ser e estar assim. É uma convicção tão forte. 
A vida, assim como ela é, é perfeita. E não poderia pedir mais.
Ele chega-me. Ele sobra-me. 

Maria Amor

17 de abril de 2014

É luxo

Sempre adorei trabalhar durante a noite, quando tudo acalmava, quando parecia não haver mais nada para viver nesse dia. Uma ideia tonta de que não estava a queimar horas do meu dia, nem a prescindir da companhia de ninguém para trabalhar.
Enquanto era estudante foi fácil manter esse ritmo, essa opção. O despertador nunca tocava cedo, as aulas não eram obrigatórias, a minha gestão sempre foi eficaz.
Quando a vida de trabalho começou, o caso mudou de figura. A noite tem de ser para dormir. O despertador começou a tocar a horas certas e o cansaço começou a deixar de dar tréguas. E dei por mim a lutar contra o sono sempre que tentava estender a noite de trabalho para além das duas, três da manhã.
Tive que me adaptar às mudanças. É sempre assim. Temos de correr para a frente, antes que fiquemos para trás.
Descobri que afinal sabe bem chegar a casa e não ter de pensar em trabalho até às quinhentas. Mas o dia tem de render, obrigatoriamente.
Descobri que sabe bem estar num café, com barulho à volta, com vida a acontecer, mas dentro da minha bolha: a trabalhar.
A tarde rendeu tanto, mas tanto. Fiz praticamente tudo o que precisava e regresso a casa com a sensação de dever cumprido e o computador desligado. Fim-de-semana à porta. Amor perto.
Sinto que isto sim, é aprender.
Sinto que isto sim, nem sempre é fácil.
Sinto que isto sim, é crescer.
Sinto que isto sim, é luxo.

Maria Amor

14 de abril de 2014

Sinto-me meio atordoada

Há momentos da vida em que não temos tempo de pensar, de respirar, de parar um minuto e "re"focar. Há alturas da vida em que tem de ser bola para a frente, sem parar, sem perder tempo. E, depois, uma semana ou duas depois, abrandar. Fazer um balanço, ver os arranhões, as amolgadelas, perceber se dá para continuar mais um pouco assim ou se tem de ser para já a reestruturação.
Foi uma semana a 17, 18 horas por dia. Poucas horas de sono, zero de lazer. Foi o início de algo que se espera muito bom, com muito frutos.
Sinto-me meio atordoada. Parece que levei um grande abanão (dos bons) e me estou a tentar recompor, entrar nos eixos. É muita, muita coisa ao mesmo tempo. O cansaço, ao final do dia é, invariavelmente, gigante e as coisas que me dão realmente gozo têm ficado para segundo plano.

Não quis acreditar quando ele, este fim-de-semana, me confrontou com o meu sono permanente e a falta de vontade de fazer amor. Confesso, passei-me! Fiquei magoada por ele sequer equacionar que o desejo menos. Fiquei magoada pela falta de compreensão. Dormi menos de quatro horas em cada noite da semana passada. Estava literalmente de rastos e desengane-se quem pensa que esta "queixa" tem fundamento. Dei o corpinho ao manifesto (salvo seja) como se tivesse passado uma semana santa de oito horas de sono por dia. Enfim, um mal agradecido que tem aqui uma namorada como há poucas e ainda vem com tretas. Eu no fim-de-semana já lhe digo.
Brincadeiras à parte, é tão difícil gerir o tempo e a energia que gastamos com o trabalho. Quando chego aos braços dele, por mais desejo que haja, a minha vontade é adormecer no meu porto seguro, deixar-me ficar, apenas.

Maria Amor


9 de abril de 2014

Lugar maior

Três horas e pouco de sono. Três da madrugada e os olhos sem fechar. A ansiedade não deixou que fosse mais cedo. Acordar antes do despertador tocar. Seis e cinquenta e sete. A ansiedade não deixou que fosse mais tarde.
Primeiro dia de um novo ano. Um estado de nervos nunca antes visto. Uma vontade de dizer que sim a tudo, à vida.
Um dia longo, tão completo, a transbordar. Um dia em que percebi que apesar de ser uma sonhadora pessimista, a vida teima em "empurrar-me" para o optimismo. Encontros, muito mais que do que os desencontros. A importância dos sonhos. O sentido do "caminho se fazer caminhando". Há momentos em que tenho de reconhecer, sou uma sortuda (que tem feito, em boa medida, uma corrida pela sua própria sorte). Meio perdida, às vezes, mas sempre com a convicção de que "isto tudo" há-de ser por um lugar maior
Um dia terei de ceder. Ao optimismo.

Maria Amor


7 de abril de 2014

Resoluções

Há quem faça resoluções de ano novo na passagem de 31 de Dezembro para 1 de Janeiro.
Eu faço-as a 7 de Abril. Porque sim! É agora que faz sentido. É agora que terá início um novo ciclo. É  partir de agora que farei um esforço acrescido para mudar, de verdade. Deixar para trás uma quantidade de maus vícios e abraçar de peito aberto o que virá de bom.
Porque virá, com toda a certeza.

Maria Amor

4 de abril de 2014

Estou meio

Uma semana passada a mil.
Terça-feira a melhor surpresa do mundo e a razão de não ter conseguido ter tempo para nada. O melhor motivo para terem deixado de existir regras, deadlines e grandes planeamentos. Três da tarde e o telefone toca: "Queres beber um café?". Pensei que se tinha enganado. Pensei que estaria a meter-se comigo. Saio do bloco e dou de caras com ele. Era suposto estar a mais de 150Km de distância, mas como o tempo se aliou a nós, e com chuva não se trabalha, foi uma semana cheia de tudo o que é bom e me faz feliz.
Nos entretantos do namoro e do trabalho, recebi a notícia que vai mudar a minha vida no próximo ano: a juntar ao trabalho todo que já tenho, começo na terça-feira, noutro sítio, a ter um horário das 8 às 6. Questiono-me como vou sobreviver (?!).
Estou meio em choque, meio em transe, meio histérica, meio... Vou pensar na vida e reorganizar esta maluqueira toda. Este fim-de-semana devia durar uma semana inteira, para meter tanta coisa que me faz falta em ordem.

Maria Amor

1 de abril de 2014

Tenho

Isto de tentar motivar os outros, levá-los a vestir a camisola, acreditar que o impossível está já ali, é uma coisa muito bonita de ser ver. De se ver e, sobretudo, de se fazer.
Já não tem assim tanta piada é quando nós mesmos não estamos motivados para nada, não queremos vestir camisola nenhuma (a não ser a de dormir) e tudo, tudo, tudo aquilo que mais desejamos está a anos luz de se tornar possível.
São listas de objectivos, workshops, gestão disto, daquilo e do outro, e a sensação com que me deito hoje é a de que, pura e simplesmente, não me sinto feliz.
Tenho medo do desafio profissional que aí vem, medo de não estar à altura mas, acima de tudo, medo de não me identificar.
Tenho a terrível sensação de que ando aqui a inventar e não produzo nada de efectivo.
Tenho alapado a mim o sentimento de não saber o que quero. Nem onde o procurar.
Tenho "Saudade" no meio do nome, no meio do dia, no meio do peito.

Maria Amor

30 de março de 2014

Senão o peito de uma pessoa não aguenta

Uma sopa a meio da tarde para acalmar os ânimos provocados por um trabalho atrasado. Trabalho terminado.
Música daquela mesmo antiga, da adolescência enquanto espero pelo melhor abraço do mundo, só mais um bocadinho.
Inspirar e ganhar forças para a loucura que aí vem, dentro de uma ou duas semanas. Entretanto, despedir-me e resignar-me a mais cinco dias de distância.
Cada dia é diferente e isso é tão bom. É ao que me agarro.
As rotinas precisam-se, e criar-se-ão, quando for imprescindível. Por agora, acredito que me vou deixando viver, ao ritmo que vai sendo imposto.
Isto tem de ser com calma, senão o peito de uma pessoa não aguenta.

Maria Amor

28 de março de 2014

Sorri genuinamente

Queria ser capaz de escrever mas as pestanas pesam toneladas. Estou a adormecer com o computador ao colo, cenário que se vem tornando um hábito nos últimos tempos.
Mas tinha que registar isto.
Tinha que dizer que quando saí do trabalho, tinha o carro quase a um quilómetro e estava a chover.
Tinha que escrever que vi o sol de frente e procurei instintivamente um arco-íris. Não encontrei.
Segui viagem e, de repente, lá estava ele!
Empoleirei-me para perceber onde era o fim. Apreciei. E, pensei, "Quando há dois é que é!".
Há pessoas assim, sempre meio insatisfeitas, como eu.
Já a chegar casa, olhei aleatoriamente para o céu. O segundo arco-íris, tímido, espreitava.
Sorri genuinamente.
Satisfeita.

Maria Amor

27 de março de 2014

O que se faz a um amor destes?

Entorpecimento. Foi o que senti ao receber a notícia. Incredulidade. Uma falta de ar. Uma compaixão e pena tão avassaladoras. Ninguém devia morrer. Ninguém devia morrer, antes de nascer.
Não é imaginável a dor deles. Faltavam dois meses. E eu, com o cérebro paralisado, só conseguia focar-me na ideia de que havia estado sempre tudo bem e de que eles já tinham tudo... Tudo! Só faltavam dois meses.
Passou quase uma semana e ainda não se tornou real em mim. Apesar de ser o pensamento de todas as horas.
É uma indignação para com a vida. Inexplicável. É um medo antecipado de um dia ser eu a viver uma dor que me irá engolir.
E os sonhos? E os planos? E o amor? Um amor tão grande que já o era antes de ser. Que se tornou num sofrimento proporcional.
Porra, o que se faz a um amor destes?

Maria Amor


20 de março de 2014

Pensamentos profundos e meio tontos destas quintas-feiras

Depois de uma semana inteirinha a trabalhar que nem uma louca, o dia de amanhã espera-se mais calmo. O corpo ainda não abrandou e estranha este refrear de ritmo, meio repentino. 
A cama abraça-me, infinitas vezes mais acolhedora que a cadeira onde passo horas ao computador. O cérebro, esse não desliga. Como fazer para poder fazer tudo o que quero? Tudo o que sonho? 
Tenho arriscado, não muito. Não tanto quanto poderia. O receio mora aqui no peito. Mas sinto, está tudo a alinhar-se para o salto. E, nesse momento, no momento certo, saltarei. Porque a vontade, em mim,será sempre maior do que a dúvida.
Pensamentos profundos e meio tontos destas quintas-feiras.

Maria Amor 

19 de março de 2014

Obrigada Pai

Dia do Pai.
Um dia para pensar. Um dia não muito fácil.
Um beijo dado por telefone. Com lágrimas engolidas a seco. Com saudade e culpa. Com muita pena de escolhas feitas outrora.
Ainda assim, com um amor que nos ensinaram incondicional: capaz de tudo. De perdões muito maiores que a tal culpa. De um gostar sem fim. De uma compreensão para além dos gestos e das palavras. De um saber que estamos sempre, sempre lá.
No fim, acredito que estarás sempre lá para não deixar que nada, nada de mal nos aconteça.
No meio de tantas voltas e reviravoltas que esta vida tem dado, apesar de tudo, tudo, tudo, Obrigada Pai.

Maria Amor

P.S. - Provavelmente, nunca lerás estas palavras. Sei que as sentes. Tal como eu.

18 de março de 2014

E saboreio, saboreio

Todos os dias deveriam terminar como o de ontem. Tanto amor. E desejo. E mimo. E urgência (de ti). E calma (por te ter).
Todos os dias deveriam começar como o de hoje. Com conversas sobre a vida. Com conversas para a vida. Daquelas que libertam (a alma) e nos prendem (o coração).
Todos os dias deveriam ser cheios. De amor, de amizade, de pequenas pausas, de conquistas (em nós, e nos outros), de sentimentos bons. Às vezes não são. 
Mas ontem e hoje, sim. Com uma intensidade que cunha em mim algo tão  genuíno. Talvez seja disto que é feita a felicidade.
E saboreio, saboreio. E não me canso. E é também a gratidão, que se sente aqui dentro.

Maria Amor

12 de março de 2014

A semana vai voar, pressinto

Hoje foi como se fosse segunda-feira. Ontem não trabalhei. O corpo recusou-se. A mente também. Entreguei-me à tristeza e a desesperança levou a melhor. Mal sabia que hoje iam chover convites e propostas, de projectos, de comunicações. Porque, disseram-me, "Tens tanto jeito para falar com as pessoas."
Foi assim uma espécie de chapada. Quase um "abre os olhos para a vida".
Meti mãos ao trabalho e ainda aqui estou. O cérebro não pára. Ainda sem ideias concretas mas num fervilhar imenso e intenso.
A semana vai voar, pressinto.

Maria Amor

7 de março de 2014

Só tu podes ver-me a alma

Ontem por volta desta hora, no escuro, acordei. Abri os olhos e lá estavas tu, muito calado, a mirar-me. 
Por um segundo, assustei-me!
Aninhei-me, mais ainda. Adormeci.
Sabes, só tu podes ver-me a alma, assim.
Amanhã será um dia bom, tu estarás de novo aqui. E eu saberei que me guardas.

Maria Amor

5 de março de 2014

Um cigarro

Observo-o a enrolar um cigarro.
Como tudo é sexy nele. Os dedos a apalparem o tabaco, ainda dentro da onça. Como que a escolher minuciosamente os fiapos que lhe darão o maior prazer. O filtro colocado no sítio e, num ápice, sai o cigarro mais perfeito. Coloca-o na boca e vai fazer qualquer coisa, nada urgente, nada importante.
Olho de relance, ele apercebe-se e pisca-me o olho. "Sacana, dás cabo de mim com essa malícia."
Acende o cigarro, uma barofada de fumo é projectada.
Desarmas-me.

Maria Amor

Mesmo sem lho ter dito por palavras

Ter uma irmã é ter o amor incondicional de que um dia ouvimos falar. É um amor genuíno. Que não precisa de grande coisa para se alimentar. É um saber constante de que se o nosso mundo ruir, essa pessoa estará lá certamente. Para dar colo, para fazer coisas tontas tal e qual quando éramos pequenas, para não nos exigir grandes explicações.
É podermos mostrar as nossas maiores fraquezas, é pensar que nos estamos a zangar a sério e passados trinta segundos está tudo bem. É rir de coisas que não têm piada nenhuma. É termos uma amizade em que não temos interesses comuns, em que os feitios são diferentes, em que as opções de vida estão longe de ser semelhantes mas, ainda assim, é a amizade mais certa. É unirmo-nos contra as injustiças do mundo debaixo de uma manta e um balde de pipocas. É um querer mais para ela do que para mim e saber que ao contrário é igual. É um olhar cheio de carinho e admiração, por tudo o que ela é e representa. Mesmo sem lho ter dito por palavras.

Maria Amor

4 de março de 2014

Vou derreter-me

Não foi um dia com máscaras, muito pelo contrário. Foi um dia de verdade. A somar aos três que já lá vão. Poder acordar, passar o dia e voltar a adormecer na companhia da pessoa mais importante é uma felicidade só.Ser eu mesma, dividir cada pedaço de mim, rir muito.
Gostava que todos os dias fossem assim, ausentes de ausência. Preenchidos de mimo. Cheios de significado. Dias em que cada acordar faz sentido. (Estou cansada do sentimento de saudade que vulgarmente me dá  os bons-dias e as boas-noites.)
Já não vai durar muito, esta pausa que a vida me deu, mas sabe sempre a céu. Dentro de instantes o sorriso por detrás do mau-feitio causado por um dia  de trabalho irromperá e eu, vou derreter-me.

Maria Amor





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3 de março de 2014

Esta semana

Esta semana, se tudo correr mais ou menos como previsto, vai passar num ai. Tento convencer-me a mim mesma que este desejo desenfreado de que o tempo passe e chegue rápido o fim-de-semana não é saudável, mas são os sábados e os domingos que me fazem mais feliz. Não consigo evitar.
Ando numa ambivalência em relação a tudo, ou quase tudo. Apetece-me estar no meu mundo, pensar com calma, alinhar tantas coisas que sei serem importantes. Com tempo.
O regresso ao trabalho, oficialmente, será só na quinta-feira. Oficialmente.
Até lá, quero poder mergulhar num mar de mimos, esquecer (dentro do possível) que há horários e obrigações, aninhar-me no meu porto de abrigo, respirar devagar e em conjunto, sorrir de cumplicidade, adormecer sem mil voltas de desânimo.
Será uma boa semana.

Maria Amor

28 de fevereiro de 2014

Até nunca mais

Inspirar e expirar muitas, muitas vezes. Contar até 10 (não chega), até 100...
Porque é que as pessoas não aprendem a trabalhar? Com responsabilidade! Com responsabilidade acrescida quando se trata de trabalho de equipa, quando há mais pessoas envolvidas?!
As manifestações de alegria por ser sexta-feira multiplicam-se por todo o mundo online e eu não consigo pensar senão "maldita sexta-feira"!
Tenho uma sessão de coaching em atraso e algo me faz pensar que o meu despedimento necessita de ser trabalhado. Que vontade de gritar "Bom fim-de-semana e ATÉ NUNCA MAIS!".

Maria Amor

27 de fevereiro de 2014

A marinar

Encontro-me a marinar na frase "Tudo isto não é sofrimento mas sim crescimento.".
Encontro-me a tentar encontrar sentido. 
Que desencontro tão grande que para aqui vai. O sofrimento, vai sendo visível.
Um dia... Um dia seremos enormes. 

Maria Amor

Tinha de espairecer

Dia de L-O-U-C-O-S!
Há mais de uma hora que me obriguei a terminar o trabalho. Os olhos, de tantas horas em frente ao computador, num trabalho de escrita e revisão de texto, já lacrimejavam.
Inspirar fundo, rever mentalmente tudo o que aconteceu hoje - acordar já com um pé dentro do atraso, escrever, reler, apagar, rescrever, traduzir, telefonemas, almoço a correr, miminhos inesperados ao bebé da família a meio da tarde, mais leitura, trânsito e dois pés em cheio no atraso, explicação a mil e quinhentos à hora, jantar (encostada à bancada da cozinha) e risota desmedida pelas desgraças desta vida, mais e mais telefonemas (que não tinham fim!), finalizar textos, e-mail composto, e-mail enviado. Namorar à distância nos entretantos.
Recapitular tudo o que terá continuação nos próximos dias.
Mas tinha de espairecer.
À falta de um livro à mão para ler (imagine-se!) continuei por aqui. Revi-me no amor fofinho que a Sofia (do às 9 no meu blog) tem agora. Tive saudades do peludo cá de casa quando era daquele tamanhinho. Agora já com um ano. Enquadrei-me, vergonhosamente, no perfil de preguiçosa traçado pela Pipoca. Pensei no repto lançado por uma amiga "Como representar a verdade" - TALVEZ O SOL - necessário, penetrante, omnipresente, quente, doloroso, certo.
Amanhã a hora de acordar será às oito. E tudo continuará a acontecer...

Maria Amor


26 de fevereiro de 2014

Depois da tormenta

Depois de noites a fio em claro, de desânimo aos pontapés, viroses malditas metidas ao barulho, eis que surge uma noite tranquila, perfeita, preenchida de sono reparador. Mais de dez horas no paraíso. Saber que o dia pode começar, a sério, só depois de almoço, traz à minha vida a lufada de ar fresco que precisava.
Há já algum tempo que não sentia que o dia tivesse sido tão produtivo. Não fiz tudo, tudo aquilo que queria mas, ainda assim, fiz muito mais do que pensei que teria força de vontade para.
Começar o dia a rir (com os males alheios) é sempre uma boa receita. Aprender a dizer que sim a tanto trabalho sem entrar em pânico, também só pode trazer coisas boas. 
Terminar com uma das melhores companhias, é a garantia de que amanhã valerá a pena. 

18 de fevereiro de 2014

Bicos dos pés

Quando nos apercebemos que vivemos há demasiado tempo com a sensação de andar em bicos dos pés torna-se assustador. Porque nos parece que só assim iremos conseguir respirar. Com ou sem necessidade, dos bicos dos pés. Mas torna-se um vício, parte de nós.
É fácil ver a felicidade na simplicidade. A felicidade dos outros. A minha está no limbo. Entre o sentimento de nunca ser alcançada e o de poder ruir a qualquer momento.
Não consigo ultrapassar a ideia de o tempo ser tão pouco. Fariam falta umas cinco vidas, para tudo. E o que isso me entorpece? Perco as noites, e os dias depois, e a crença, e a esperança. 
Na verdade, sinto que por mais que aguente os bicos dos pés, a vida não me chegará. Para a felicidade.

Maria Amor

7 de fevereiro de 2014

Uma canseira

Ui! Lista de tarefas? Interminável para uma sexta-feira. Para piorar, tudo coisas que dependem de terceiros, e quartos e quintos. Não vou sair daqui com o dever cumprido, de certeza!
As corridas matinais (ou pelo final do dia) continuam no "fica para amanhã". Sentimento que impera: frustração. Só depende de mim, mas eu, nestas coisas, sou muito fraquinha.
Já só consigo pensar que amanha é fim-de-semana. É condenável? Talvez devesse achar que sim, mas não consigo. O tempo está tão pouco convidativo a loucuras laborais.
Não aparece ninguém pelo centro! Tenho que assentir à ideia de haver grandes vidas (pena que a minha não está incluída).
Apetece-me ver séries aninhada nele, esquecer-me que há tanto por terminar. A ideia louca de mudar de vida não me abandona um instante. Mando-a sossegar, mas ela teima porque teima em permanecer.
São molhadas de papéis, telefonemas (nem sei bem para onde) por fazer, assuntos por fechar. Uma canseira desgastante. Que me tolda.

Maria Amor

6 de fevereiro de 2014

Sortuda?

Insistem na bipolaridade. Admito, tenho uma quedinha. Todo o dramatismo, o choro à mistura com um power desmedido. São alguns dos ingredientes que me fazem dar-lhes razão. Talvez por isso tenha a mania de que sou um bocadinho especial (ainda não cheguei bem à conclusão do "para quem?").
A vida, ultimamente, tem sido uma constante viagem entre o "Não me apetece" e o "Tem de ser". O porquê? Não sei. Gostaria de descobrir, mas não me apetece. Até quando tiver de ser.
Oiço, frequentemente, "És uma sortuda!". De há dois anos a esta parte, momento em que terminei o mestrado, o trabalho chove. Ainda não chegou um contrato ao fim e já há propostas e ideias e projetos e trabalho, trabalho, trabalho.
Racionalmente, sim, sou sortuda. Com o coração... Não me sinto. Não quero ser ingrata (sei que não sou, visto a camisola como vejo poucos, meto a mão na massa como se a minha vida disso dependesse), mas com o coração não me sinto sortuda, nem feliz, nem realizada.
Dou voltas e voltas à cabeça e fazer disto vida, não será vida. Não, pelo menos, para mim. Veremos...

Maria Amor

29 de janeiro de 2014

Equilíbrio

Estou em processo máximo de procrastinação. Ai, quão chato pode ter que ser fazer uma mala de viagem? Ainda por cima em versão mini e económica. Ainda por cima para um frio de rachar. Ainda por cima ter de enfiar lá um par de botas de salto alto. Adiante, que a mala só deve sair lá prás quinhentas.
Ando aqui a divagar pelos blogs e deparo-me com gente de todo o tipo. Malta porreira que fala de si, de uma maneira simples e do seu dia-a-dia. Malta que se vai vangloreando quando é caso para tal. Alguns pessimistas. Outros mais voltados para o optimismo. Mas depois deparo-me com um caso em especial que, de tão optimista que é, me faz sentir quase a pior pessoa do mundo. O que me preocupa! Que me faz quase ter vergonha de me queixar, de deixar o pessimismo vir ao de cima, de ter dias menos bons. Pergunto-me: é normal ter dias maus, não é? (Não que hoje seja o caso!). É normal, de vez em quando, abrir os olhos e pensar "Que puta de vida, hoje só queria dormir até me apetecer!", não é? Eu acho que sim. Aliás, é normal e necessário. Sempre me fez muita confusão aquelas pessoas que vivem num mundo cor-de-rosa às bolinhas, com borboletas esvoaçantes e que da pior coisa conseguem retirar somente o lado bom. Pessoalmente, trabalho para o equilíbrio. Não consigo levar-me a mim mesma a acreditar que é tudo um mar de rosas. Quem sabe um dia, quando só olhar para o meu umbigo (e, mesmo assim, duvido).

27 de janeiro de 2014

Dias

Têm sido dias relativamente calmos. Até tenho receio de dizer isto (digo baixinho, para mim, em pensamento) porque, normalmente, aplica-se o ditado ao contrário e depois da bonança costuma vir a tempestade, das grandes.
Tenho andado num processo de mentalização para voltar às corridas, mas o frio não tem ajudado em nada. Regrada q.b. na alimentação, vou fazendo algum exercício dentro de quatro paredes mas lançar-me ao asfalto é que tem sido difícil.
No trabalho, houve propostas, grandes notícias e surgiu um "Sim". Daqui a pouco tempo regresso ao terreno oficialmente (porque falta de trabalho nunca houve), a um ordenado (magrinho) e a um mínimo de estabilidade. É um grande "Ufaaa!" nos dias que correm.
Não há grandes energias por hoje, nem mantras, nem otimistos excessivos. Há apenas o humor típico de uma segunda-feira cinzenta, a gestão astuta da paciência para pessoas desocupadas e a vontade maior que a semana passe a correr.

Maria Amor

21 de janeiro de 2014

Cansada de ler meias frases

Estou em casa, metida debaixo de mil mantas, num quentinho inigualável, à espera que ele chegue. Já fumei para cima de dez cigarros (shame on me!) mas só de pensar que amanhã esta calmaria já se foi, vou aos píncaros. Ter de vestir a pele de forte e inquebrável deixa-me cansada por antecipação. Trabalhar que nem uma condenada, de graça, vestir a camisola mais do que aqueles que recebem 3000 euros por mês e andar com um sorriso na cara à espera de tempos melhores e frutos para colher, nem sempre é fácil.
Em boa verdade, o post anterior aguçou-me o desejo e quando ele entrar em casa, não haverá tempo para banhos nem coisa que se pareça.
Vou dizer-lhe o quanto o quero, não o vou deixar passar da entrada, vou saboreá-lo depois de um dia longe, vou levá-lo ao limite. Com sofreguidão. Com poucas palavras. Com tesão. Vou dizer-lhe que o quero sentir em mim.
E se pareço pouco sensível, ou que amo menos, ou isto ou aquilo, não é nada disso. Só estou cansada de ler meias frases, cansada de pessoas bem comportadas que não escrevem o que sentem, ou escrevem, mas com floreados desnecessários. E se há dias em que as ladainhas amorosas me preenchem, o fazer amorzinho e etc. me chegam, hoje não é um desses dias.
Apetece-me fazer sexo, dar uma, vir-me. Apetece-me deixar vir ao de cima isso tudo. É a vida

Maria Amor

16 de janeiro de 2014

Pergunto-me "Porquê?"

A lista de coisas para fazer é interminável. A vontade para começar é interminavelmente grande.
Bem tento manter os níveis de energia e otimisto sempre lá em cima mas, que raio, como é difícil, às vezes. Tento encontrar inspirações (imagens, pessoas, frases, e sei lá que mais!), tento ser racional e pensar em não deixar para amanhã o que posso fazer hoje (porque amanhã saberá tão bem ter tudo terminado e não andar a correr contra o tempo para conseguir o quase impossível), tento isto, aquilo e o outro. A verdade é que a procrastinadora que há em mim ainda consegue, volta e meia, vencer algumas batalhas. E estes dias são horríveis, porque chegam ao final sem qualquer sentimento de dever cumprido, sem alívio, sem satisfação, mas com um cansaço enorme e uma consciência pesada por não ter feito nada de jeito.
A lição está mais que sabida. As sensações são mais que familiares, a de ter feito tudo e a de não ter feito nada. Sei bem da que gosto mais, mas nem sempre consigo meter mãos ao trabalho com a prontidão que devia ("ainda há tempo para fazer isto durante a tarde de amanhã, ou mais logo, ou às seis e meia da manhã, se me matar a acordar mais cedo...") e é um desassossego interno que me esgota.
Pergunto-me "Porquê?". E a resposta mais sincera que consigo encontrar é um puro e simples "Porque não me apetece"! Porque não me revejo no que estou a fazer profissionalmente e isso é uma grande chatice que me empata e desgasta o espírito. Porque só me apetece ler e escrever.

Maria Amor

11 de janeiro de 2014

Reclamanços e queixinhas

O dia não começou da melhor forma. Ninguém queria sair da cama e havia treino com o cão ao meio dia. Enchi-me de força e coragem (e com uma mistura de sentimento de culpa antecipado por ter vontade de faltar) e levantei-me.
Foi bom passar uma hora no campo a correr entre "sentas", "deitas" e "ficas" mas ninguém me tinha avisado que viria para casa com a mesma sensação de ter estado num ginásio dez horas seguidas.
Já com algumas coisas organizadas (mas mais 350 para organizar), a vontade que tenho é enroscar-me debaixo de uma mantinha e adormecer profundamente. Dormir tudo o que tenho em atraso.
Em vez disso, vejo pelo canto do olho a pilha de roupa por guardar a acenar-me.
Vou resolver isso já! Menos uma tarefa das chatas para ficar pendente até sabe-se lá quando.
A lista de coisas de trabalho para ter prontas na segunda-feira também não é menor...ui, que dor de alma! Mas vá, tem de ser. E o que tem de ser tem muita força.
Não vale a pena estar com "reclamanços" e queixinhas pois nada se fará sozinho.

Maria Amor

9 de janeiro de 2014

O tempo, esse danado

Tem sido uma colecção de noites mal dormidas, com o relógio como inimigo número um. Inevitavelmente, vou dando espreitadelas desesperadas e não é raro na última já passar das quatro e tal.
Os dias voam. A sensação é de uma falta de ar e, ao mesmo tempo, de um apaziguamento estranho. O tempo, esse danado: nunca nos chega e ao mesmo tempo queremos que chegue aquele dia, aquele instante. Tenho como certeza que, para o bem ou para o mal, ele não parará. E isso acalma-me. Tudo tomará o curso devido, porque (para mim) só assim pode ser. Só assim faz sentido.
Na cabeça e no coração é uma miscelânea de sentimentos, de dores, de prazeres. É um ter de lidar constante com um viver ansiosa, com um saborear pequenas vitórias, com uma saudade no peito que tem por prazo de validade os curtinhos fins-de-semana. É um procurar (e encontrar) forças não sei muito bem onde mas que, a cada nascer do dia se renovam.
E acreditar! Acreditar nem sei bem no quê, mas mesmo assim, com tanta força que os pequenos momentos entre conversas sinceras nos trazem a energia que acreditávamos esgotada. É um carinho e uma gratidão pelas pessoas que se riem genuinamente connosco, que acreditam que nós podemos mover o mundo.

Disse-me alguém um dia que eu era protegida por uma estrelinha. Nunca me detive no assunto... Ultimamente, mais. Talvez...

A noite aproxima-se e não sei até que horas me irei debater até que caia, por fim, num sono descansado. Amanhã será mais um dia, bom, tenho a certeza.

Maria Amor

8 de janeiro de 2014

Ai caraças, que isto soube-me tão bem!

Há uns tempos alinhei em fazer um workshop. De coaching. Em que, depois de um dia mais "teórico", tínhamos direito a três sessões individuais. Já foi há coisa de uns três meses.
Apesar de, por mil constrangimentos, ainda não ter feito a terceira e última sessão, foi-me pedido um pequeno feedback do processo pelo qual passei.
Enferrujada que estou na escrita, foi com dificuldade que rascunhei meia dúzia de linhas. Nada que se dissesse "benza-te Deus". A pessoa em questão disse-me que se comoveu a ler o meu (medíocre) testemunho.

Fiquei a matutar nisto. No feedback pedido. Que, mais do que para um outro alguém, foi para mim mesma. Então não é que esta traquitana do coaching fez mesmo "mossa"? A infelicidade já não dura tanto, nem a desmotivação, nem as ladainhas, nem as queixinhas. Às vezes, dou comigo a querer ser chorona e já não consigo.
Estou desempregada há duas semanas, sem grandes perspectivas em vista e, na verdade nem sequer me consigo chatear. Parece que algo em mim sabe que ao virar da esquina vai estar o que preciso. Ao mesmo tempo, mexo-me como senão acreditasse na sorte. Não paro. Não consigo.

Acabei de pôr música a tocar. Não sei há quanto tempo não o fazia. Apetece-me um cigarro e um bom vinho (mas não comprei cigarros). Talvez para comemorar andar aqui toda "felizona" sem razão aparente.
É tonto, bem sei... Aliás, pode parecer tonto mas não é. Ter o controlo das coisas que estão ao nosso alcance sabe tão bem. Ser capaz de lidar com as que não estão, é divino. Por isso, hoje, ao contrário do que fiz muitas e muitas vezes, saí do trabalho (sim, estou desempregada, oficialmente) tarde, mas com tudo terminado. Não trabalhei mais depois de jantar.
Passeei o cão, inspirei o frio da rua, pintei as unhas, ouvi música.
Ai caraças, que isto soube-me tão bem!

Maria Amor