28 de abril de 2014

Não me tem feito sentido

Não me tem feito sentido escrever.
Venho, leio aqueles que sigo. Procuro sempre por mais um ou dois. Mas não me fez sentido escrever. Porque não há muito a acrescentar. Porque desta vez, até agora, não me pareceu necessário partilhar a angústia e a desmotivação.
Por vezes, tenho a sensação que nunca serei feliz. Parece que nunca encontrarei o trabalho que me faça querer voltar no dia seguinte e faça vir ao de cima o melhor de mim. Começo sempre com entusiasmo para três vidas. Mas, por esperar demasiado, por querer demasiado, talvez por acreditar demasiado, acabo, invariavelmente, com um sentimento enorme de desilusão. Que, invariavelmente também, nunca tarda muito em chegar.

O fim-de-semana terminou e não consigo não me deixar invadir por estas energias negativas. Preciso de me sentir bem no que faço para ser feliz e estou com tantas dificuldades em encontrar esse equilíbrio. Vive em mim um sentimento de inutilidade, incompetência, de andar à deriva. Procuro, a todo o custo, caminhos e respostas. 

Maria Amor

19 de abril de 2014

Ele sobra-me

Esta noite foi diferente. Foi uma noite quente, e doce, foi uma noite como não tínhamos há muito tempo. Espantei o sono, fugi da vontade irremediável de adormecer em três segundos. Fiz um esforço enorme, claro que fiz. Porque o corpo e a cabeça pediam descanso. 
Dormimos nus, depois de nos descobrirmos devagarinho. Enroscámo-nos, como se fosse a primeira vez. Beijámo-nos até, por fim, o mimo de adormecer no melhor aconchego do mundo vencer.
Acordámos e o desejo pediu mais. Amámo-nos novamente. Olhámo-nos com carinho, nascemos para ser e estar assim. É uma convicção tão forte. 
A vida, assim como ela é, é perfeita. E não poderia pedir mais.
Ele chega-me. Ele sobra-me. 

Maria Amor

17 de abril de 2014

É luxo

Sempre adorei trabalhar durante a noite, quando tudo acalmava, quando parecia não haver mais nada para viver nesse dia. Uma ideia tonta de que não estava a queimar horas do meu dia, nem a prescindir da companhia de ninguém para trabalhar.
Enquanto era estudante foi fácil manter esse ritmo, essa opção. O despertador nunca tocava cedo, as aulas não eram obrigatórias, a minha gestão sempre foi eficaz.
Quando a vida de trabalho começou, o caso mudou de figura. A noite tem de ser para dormir. O despertador começou a tocar a horas certas e o cansaço começou a deixar de dar tréguas. E dei por mim a lutar contra o sono sempre que tentava estender a noite de trabalho para além das duas, três da manhã.
Tive que me adaptar às mudanças. É sempre assim. Temos de correr para a frente, antes que fiquemos para trás.
Descobri que afinal sabe bem chegar a casa e não ter de pensar em trabalho até às quinhentas. Mas o dia tem de render, obrigatoriamente.
Descobri que sabe bem estar num café, com barulho à volta, com vida a acontecer, mas dentro da minha bolha: a trabalhar.
A tarde rendeu tanto, mas tanto. Fiz praticamente tudo o que precisava e regresso a casa com a sensação de dever cumprido e o computador desligado. Fim-de-semana à porta. Amor perto.
Sinto que isto sim, é aprender.
Sinto que isto sim, nem sempre é fácil.
Sinto que isto sim, é crescer.
Sinto que isto sim, é luxo.

Maria Amor

14 de abril de 2014

Sinto-me meio atordoada

Há momentos da vida em que não temos tempo de pensar, de respirar, de parar um minuto e "re"focar. Há alturas da vida em que tem de ser bola para a frente, sem parar, sem perder tempo. E, depois, uma semana ou duas depois, abrandar. Fazer um balanço, ver os arranhões, as amolgadelas, perceber se dá para continuar mais um pouco assim ou se tem de ser para já a reestruturação.
Foi uma semana a 17, 18 horas por dia. Poucas horas de sono, zero de lazer. Foi o início de algo que se espera muito bom, com muito frutos.
Sinto-me meio atordoada. Parece que levei um grande abanão (dos bons) e me estou a tentar recompor, entrar nos eixos. É muita, muita coisa ao mesmo tempo. O cansaço, ao final do dia é, invariavelmente, gigante e as coisas que me dão realmente gozo têm ficado para segundo plano.

Não quis acreditar quando ele, este fim-de-semana, me confrontou com o meu sono permanente e a falta de vontade de fazer amor. Confesso, passei-me! Fiquei magoada por ele sequer equacionar que o desejo menos. Fiquei magoada pela falta de compreensão. Dormi menos de quatro horas em cada noite da semana passada. Estava literalmente de rastos e desengane-se quem pensa que esta "queixa" tem fundamento. Dei o corpinho ao manifesto (salvo seja) como se tivesse passado uma semana santa de oito horas de sono por dia. Enfim, um mal agradecido que tem aqui uma namorada como há poucas e ainda vem com tretas. Eu no fim-de-semana já lhe digo.
Brincadeiras à parte, é tão difícil gerir o tempo e a energia que gastamos com o trabalho. Quando chego aos braços dele, por mais desejo que haja, a minha vontade é adormecer no meu porto seguro, deixar-me ficar, apenas.

Maria Amor


9 de abril de 2014

Lugar maior

Três horas e pouco de sono. Três da madrugada e os olhos sem fechar. A ansiedade não deixou que fosse mais cedo. Acordar antes do despertador tocar. Seis e cinquenta e sete. A ansiedade não deixou que fosse mais tarde.
Primeiro dia de um novo ano. Um estado de nervos nunca antes visto. Uma vontade de dizer que sim a tudo, à vida.
Um dia longo, tão completo, a transbordar. Um dia em que percebi que apesar de ser uma sonhadora pessimista, a vida teima em "empurrar-me" para o optimismo. Encontros, muito mais que do que os desencontros. A importância dos sonhos. O sentido do "caminho se fazer caminhando". Há momentos em que tenho de reconhecer, sou uma sortuda (que tem feito, em boa medida, uma corrida pela sua própria sorte). Meio perdida, às vezes, mas sempre com a convicção de que "isto tudo" há-de ser por um lugar maior
Um dia terei de ceder. Ao optimismo.

Maria Amor


7 de abril de 2014

Resoluções

Há quem faça resoluções de ano novo na passagem de 31 de Dezembro para 1 de Janeiro.
Eu faço-as a 7 de Abril. Porque sim! É agora que faz sentido. É agora que terá início um novo ciclo. É  partir de agora que farei um esforço acrescido para mudar, de verdade. Deixar para trás uma quantidade de maus vícios e abraçar de peito aberto o que virá de bom.
Porque virá, com toda a certeza.

Maria Amor

4 de abril de 2014

Estou meio

Uma semana passada a mil.
Terça-feira a melhor surpresa do mundo e a razão de não ter conseguido ter tempo para nada. O melhor motivo para terem deixado de existir regras, deadlines e grandes planeamentos. Três da tarde e o telefone toca: "Queres beber um café?". Pensei que se tinha enganado. Pensei que estaria a meter-se comigo. Saio do bloco e dou de caras com ele. Era suposto estar a mais de 150Km de distância, mas como o tempo se aliou a nós, e com chuva não se trabalha, foi uma semana cheia de tudo o que é bom e me faz feliz.
Nos entretantos do namoro e do trabalho, recebi a notícia que vai mudar a minha vida no próximo ano: a juntar ao trabalho todo que já tenho, começo na terça-feira, noutro sítio, a ter um horário das 8 às 6. Questiono-me como vou sobreviver (?!).
Estou meio em choque, meio em transe, meio histérica, meio... Vou pensar na vida e reorganizar esta maluqueira toda. Este fim-de-semana devia durar uma semana inteira, para meter tanta coisa que me faz falta em ordem.

Maria Amor

1 de abril de 2014

Tenho

Isto de tentar motivar os outros, levá-los a vestir a camisola, acreditar que o impossível está já ali, é uma coisa muito bonita de ser ver. De se ver e, sobretudo, de se fazer.
Já não tem assim tanta piada é quando nós mesmos não estamos motivados para nada, não queremos vestir camisola nenhuma (a não ser a de dormir) e tudo, tudo, tudo aquilo que mais desejamos está a anos luz de se tornar possível.
São listas de objectivos, workshops, gestão disto, daquilo e do outro, e a sensação com que me deito hoje é a de que, pura e simplesmente, não me sinto feliz.
Tenho medo do desafio profissional que aí vem, medo de não estar à altura mas, acima de tudo, medo de não me identificar.
Tenho a terrível sensação de que ando aqui a inventar e não produzo nada de efectivo.
Tenho alapado a mim o sentimento de não saber o que quero. Nem onde o procurar.
Tenho "Saudade" no meio do nome, no meio do dia, no meio do peito.

Maria Amor