2 de junho de 2014

Foi a minha razão de peso nesta decisão

As duas últimas semanas foram semanas como não me recordo de ter, há muito. Foram semanas tão incrivelmente más que me fizeram tomar A decisão.
Saí de um dos sítios onde trabalhava. No que trabalhava há mais tempo. No que me gastava (e agastava) mais tempo. No que não via futuro. No que não via paixão, nem motivação, nem crença, nem qualquer razão para continuar. E, assim, depois de dois anos decidi. Saí.
Desde então tudo parece mais leve. O trabalho das 8 às 5 continua mas, depois dessa hora, tenho uma vida que, por sinal, até gosto.
Passaram ainda poucos dias da tomada de decisão mas, por incrível que pareça, sinto que ando a levitar. Como é possível que algo nos roube assim tanto de nós?
Foi a minha razão de peso nesta decisão, sem dúvida. Preciso de olhar para mim e saber quem sou. Preciso de olhar para o meu trabalho e vê-lo como uma extensão de mim mesma. Preciso que seja uma camisola que eu queira muito vestir. Preciso, acima de tudo, sabê-lo com muita qualidade. Com toda a que eu lhe conseguir imprimir. Preciso reconhecê-lo: franco, leal, honesto.
Onde estava, já não era assim. Qualquer coisa servia, o "em cima do joelho" era ponto de ordem, o "adiar" palavra do dia. Estava a perder-me. Era o sentimento. Mergulhada num mar de (mau) trabalho, sem alegria, sem querer regressar amanhã.
Sinto que às vezes há que encher os pulmões de ar, pensar por um instante se é este mesmo o caminho e, senão for, com muita coragem, saltar fora.
Agora posso expirar com calma. Descobrir o que está a acontecer, o que há-de vir. Com confiança. Com entrega. Com o entusiasmo que há muito se perdera.

Maria Amor

Nenhum comentário:

Postar um comentário