29 de janeiro de 2014

Equilíbrio

Estou em processo máximo de procrastinação. Ai, quão chato pode ter que ser fazer uma mala de viagem? Ainda por cima em versão mini e económica. Ainda por cima para um frio de rachar. Ainda por cima ter de enfiar lá um par de botas de salto alto. Adiante, que a mala só deve sair lá prás quinhentas.
Ando aqui a divagar pelos blogs e deparo-me com gente de todo o tipo. Malta porreira que fala de si, de uma maneira simples e do seu dia-a-dia. Malta que se vai vangloreando quando é caso para tal. Alguns pessimistas. Outros mais voltados para o optimismo. Mas depois deparo-me com um caso em especial que, de tão optimista que é, me faz sentir quase a pior pessoa do mundo. O que me preocupa! Que me faz quase ter vergonha de me queixar, de deixar o pessimismo vir ao de cima, de ter dias menos bons. Pergunto-me: é normal ter dias maus, não é? (Não que hoje seja o caso!). É normal, de vez em quando, abrir os olhos e pensar "Que puta de vida, hoje só queria dormir até me apetecer!", não é? Eu acho que sim. Aliás, é normal e necessário. Sempre me fez muita confusão aquelas pessoas que vivem num mundo cor-de-rosa às bolinhas, com borboletas esvoaçantes e que da pior coisa conseguem retirar somente o lado bom. Pessoalmente, trabalho para o equilíbrio. Não consigo levar-me a mim mesma a acreditar que é tudo um mar de rosas. Quem sabe um dia, quando só olhar para o meu umbigo (e, mesmo assim, duvido).

27 de janeiro de 2014

Dias

Têm sido dias relativamente calmos. Até tenho receio de dizer isto (digo baixinho, para mim, em pensamento) porque, normalmente, aplica-se o ditado ao contrário e depois da bonança costuma vir a tempestade, das grandes.
Tenho andado num processo de mentalização para voltar às corridas, mas o frio não tem ajudado em nada. Regrada q.b. na alimentação, vou fazendo algum exercício dentro de quatro paredes mas lançar-me ao asfalto é que tem sido difícil.
No trabalho, houve propostas, grandes notícias e surgiu um "Sim". Daqui a pouco tempo regresso ao terreno oficialmente (porque falta de trabalho nunca houve), a um ordenado (magrinho) e a um mínimo de estabilidade. É um grande "Ufaaa!" nos dias que correm.
Não há grandes energias por hoje, nem mantras, nem otimistos excessivos. Há apenas o humor típico de uma segunda-feira cinzenta, a gestão astuta da paciência para pessoas desocupadas e a vontade maior que a semana passe a correr.

Maria Amor

21 de janeiro de 2014

Cansada de ler meias frases

Estou em casa, metida debaixo de mil mantas, num quentinho inigualável, à espera que ele chegue. Já fumei para cima de dez cigarros (shame on me!) mas só de pensar que amanhã esta calmaria já se foi, vou aos píncaros. Ter de vestir a pele de forte e inquebrável deixa-me cansada por antecipação. Trabalhar que nem uma condenada, de graça, vestir a camisola mais do que aqueles que recebem 3000 euros por mês e andar com um sorriso na cara à espera de tempos melhores e frutos para colher, nem sempre é fácil.
Em boa verdade, o post anterior aguçou-me o desejo e quando ele entrar em casa, não haverá tempo para banhos nem coisa que se pareça.
Vou dizer-lhe o quanto o quero, não o vou deixar passar da entrada, vou saboreá-lo depois de um dia longe, vou levá-lo ao limite. Com sofreguidão. Com poucas palavras. Com tesão. Vou dizer-lhe que o quero sentir em mim.
E se pareço pouco sensível, ou que amo menos, ou isto ou aquilo, não é nada disso. Só estou cansada de ler meias frases, cansada de pessoas bem comportadas que não escrevem o que sentem, ou escrevem, mas com floreados desnecessários. E se há dias em que as ladainhas amorosas me preenchem, o fazer amorzinho e etc. me chegam, hoje não é um desses dias.
Apetece-me fazer sexo, dar uma, vir-me. Apetece-me deixar vir ao de cima isso tudo. É a vida

Maria Amor

16 de janeiro de 2014

Pergunto-me "Porquê?"

A lista de coisas para fazer é interminável. A vontade para começar é interminavelmente grande.
Bem tento manter os níveis de energia e otimisto sempre lá em cima mas, que raio, como é difícil, às vezes. Tento encontrar inspirações (imagens, pessoas, frases, e sei lá que mais!), tento ser racional e pensar em não deixar para amanhã o que posso fazer hoje (porque amanhã saberá tão bem ter tudo terminado e não andar a correr contra o tempo para conseguir o quase impossível), tento isto, aquilo e o outro. A verdade é que a procrastinadora que há em mim ainda consegue, volta e meia, vencer algumas batalhas. E estes dias são horríveis, porque chegam ao final sem qualquer sentimento de dever cumprido, sem alívio, sem satisfação, mas com um cansaço enorme e uma consciência pesada por não ter feito nada de jeito.
A lição está mais que sabida. As sensações são mais que familiares, a de ter feito tudo e a de não ter feito nada. Sei bem da que gosto mais, mas nem sempre consigo meter mãos ao trabalho com a prontidão que devia ("ainda há tempo para fazer isto durante a tarde de amanhã, ou mais logo, ou às seis e meia da manhã, se me matar a acordar mais cedo...") e é um desassossego interno que me esgota.
Pergunto-me "Porquê?". E a resposta mais sincera que consigo encontrar é um puro e simples "Porque não me apetece"! Porque não me revejo no que estou a fazer profissionalmente e isso é uma grande chatice que me empata e desgasta o espírito. Porque só me apetece ler e escrever.

Maria Amor

11 de janeiro de 2014

Reclamanços e queixinhas

O dia não começou da melhor forma. Ninguém queria sair da cama e havia treino com o cão ao meio dia. Enchi-me de força e coragem (e com uma mistura de sentimento de culpa antecipado por ter vontade de faltar) e levantei-me.
Foi bom passar uma hora no campo a correr entre "sentas", "deitas" e "ficas" mas ninguém me tinha avisado que viria para casa com a mesma sensação de ter estado num ginásio dez horas seguidas.
Já com algumas coisas organizadas (mas mais 350 para organizar), a vontade que tenho é enroscar-me debaixo de uma mantinha e adormecer profundamente. Dormir tudo o que tenho em atraso.
Em vez disso, vejo pelo canto do olho a pilha de roupa por guardar a acenar-me.
Vou resolver isso já! Menos uma tarefa das chatas para ficar pendente até sabe-se lá quando.
A lista de coisas de trabalho para ter prontas na segunda-feira também não é menor...ui, que dor de alma! Mas vá, tem de ser. E o que tem de ser tem muita força.
Não vale a pena estar com "reclamanços" e queixinhas pois nada se fará sozinho.

Maria Amor

9 de janeiro de 2014

O tempo, esse danado

Tem sido uma colecção de noites mal dormidas, com o relógio como inimigo número um. Inevitavelmente, vou dando espreitadelas desesperadas e não é raro na última já passar das quatro e tal.
Os dias voam. A sensação é de uma falta de ar e, ao mesmo tempo, de um apaziguamento estranho. O tempo, esse danado: nunca nos chega e ao mesmo tempo queremos que chegue aquele dia, aquele instante. Tenho como certeza que, para o bem ou para o mal, ele não parará. E isso acalma-me. Tudo tomará o curso devido, porque (para mim) só assim pode ser. Só assim faz sentido.
Na cabeça e no coração é uma miscelânea de sentimentos, de dores, de prazeres. É um ter de lidar constante com um viver ansiosa, com um saborear pequenas vitórias, com uma saudade no peito que tem por prazo de validade os curtinhos fins-de-semana. É um procurar (e encontrar) forças não sei muito bem onde mas que, a cada nascer do dia se renovam.
E acreditar! Acreditar nem sei bem no quê, mas mesmo assim, com tanta força que os pequenos momentos entre conversas sinceras nos trazem a energia que acreditávamos esgotada. É um carinho e uma gratidão pelas pessoas que se riem genuinamente connosco, que acreditam que nós podemos mover o mundo.

Disse-me alguém um dia que eu era protegida por uma estrelinha. Nunca me detive no assunto... Ultimamente, mais. Talvez...

A noite aproxima-se e não sei até que horas me irei debater até que caia, por fim, num sono descansado. Amanhã será mais um dia, bom, tenho a certeza.

Maria Amor

8 de janeiro de 2014

Ai caraças, que isto soube-me tão bem!

Há uns tempos alinhei em fazer um workshop. De coaching. Em que, depois de um dia mais "teórico", tínhamos direito a três sessões individuais. Já foi há coisa de uns três meses.
Apesar de, por mil constrangimentos, ainda não ter feito a terceira e última sessão, foi-me pedido um pequeno feedback do processo pelo qual passei.
Enferrujada que estou na escrita, foi com dificuldade que rascunhei meia dúzia de linhas. Nada que se dissesse "benza-te Deus". A pessoa em questão disse-me que se comoveu a ler o meu (medíocre) testemunho.

Fiquei a matutar nisto. No feedback pedido. Que, mais do que para um outro alguém, foi para mim mesma. Então não é que esta traquitana do coaching fez mesmo "mossa"? A infelicidade já não dura tanto, nem a desmotivação, nem as ladainhas, nem as queixinhas. Às vezes, dou comigo a querer ser chorona e já não consigo.
Estou desempregada há duas semanas, sem grandes perspectivas em vista e, na verdade nem sequer me consigo chatear. Parece que algo em mim sabe que ao virar da esquina vai estar o que preciso. Ao mesmo tempo, mexo-me como senão acreditasse na sorte. Não paro. Não consigo.

Acabei de pôr música a tocar. Não sei há quanto tempo não o fazia. Apetece-me um cigarro e um bom vinho (mas não comprei cigarros). Talvez para comemorar andar aqui toda "felizona" sem razão aparente.
É tonto, bem sei... Aliás, pode parecer tonto mas não é. Ter o controlo das coisas que estão ao nosso alcance sabe tão bem. Ser capaz de lidar com as que não estão, é divino. Por isso, hoje, ao contrário do que fiz muitas e muitas vezes, saí do trabalho (sim, estou desempregada, oficialmente) tarde, mas com tudo terminado. Não trabalhei mais depois de jantar.
Passeei o cão, inspirei o frio da rua, pintei as unhas, ouvi música.
Ai caraças, que isto soube-me tão bem!

Maria Amor