17 de abril de 2014

É luxo

Sempre adorei trabalhar durante a noite, quando tudo acalmava, quando parecia não haver mais nada para viver nesse dia. Uma ideia tonta de que não estava a queimar horas do meu dia, nem a prescindir da companhia de ninguém para trabalhar.
Enquanto era estudante foi fácil manter esse ritmo, essa opção. O despertador nunca tocava cedo, as aulas não eram obrigatórias, a minha gestão sempre foi eficaz.
Quando a vida de trabalho começou, o caso mudou de figura. A noite tem de ser para dormir. O despertador começou a tocar a horas certas e o cansaço começou a deixar de dar tréguas. E dei por mim a lutar contra o sono sempre que tentava estender a noite de trabalho para além das duas, três da manhã.
Tive que me adaptar às mudanças. É sempre assim. Temos de correr para a frente, antes que fiquemos para trás.
Descobri que afinal sabe bem chegar a casa e não ter de pensar em trabalho até às quinhentas. Mas o dia tem de render, obrigatoriamente.
Descobri que sabe bem estar num café, com barulho à volta, com vida a acontecer, mas dentro da minha bolha: a trabalhar.
A tarde rendeu tanto, mas tanto. Fiz praticamente tudo o que precisava e regresso a casa com a sensação de dever cumprido e o computador desligado. Fim-de-semana à porta. Amor perto.
Sinto que isto sim, é aprender.
Sinto que isto sim, nem sempre é fácil.
Sinto que isto sim, é crescer.
Sinto que isto sim, é luxo.

Maria Amor

Nenhum comentário:

Postar um comentário