30 de março de 2014

Senão o peito de uma pessoa não aguenta

Uma sopa a meio da tarde para acalmar os ânimos provocados por um trabalho atrasado. Trabalho terminado.
Música daquela mesmo antiga, da adolescência enquanto espero pelo melhor abraço do mundo, só mais um bocadinho.
Inspirar e ganhar forças para a loucura que aí vem, dentro de uma ou duas semanas. Entretanto, despedir-me e resignar-me a mais cinco dias de distância.
Cada dia é diferente e isso é tão bom. É ao que me agarro.
As rotinas precisam-se, e criar-se-ão, quando for imprescindível. Por agora, acredito que me vou deixando viver, ao ritmo que vai sendo imposto.
Isto tem de ser com calma, senão o peito de uma pessoa não aguenta.

Maria Amor

28 de março de 2014

Sorri genuinamente

Queria ser capaz de escrever mas as pestanas pesam toneladas. Estou a adormecer com o computador ao colo, cenário que se vem tornando um hábito nos últimos tempos.
Mas tinha que registar isto.
Tinha que dizer que quando saí do trabalho, tinha o carro quase a um quilómetro e estava a chover.
Tinha que escrever que vi o sol de frente e procurei instintivamente um arco-íris. Não encontrei.
Segui viagem e, de repente, lá estava ele!
Empoleirei-me para perceber onde era o fim. Apreciei. E, pensei, "Quando há dois é que é!".
Há pessoas assim, sempre meio insatisfeitas, como eu.
Já a chegar casa, olhei aleatoriamente para o céu. O segundo arco-íris, tímido, espreitava.
Sorri genuinamente.
Satisfeita.

Maria Amor

27 de março de 2014

O que se faz a um amor destes?

Entorpecimento. Foi o que senti ao receber a notícia. Incredulidade. Uma falta de ar. Uma compaixão e pena tão avassaladoras. Ninguém devia morrer. Ninguém devia morrer, antes de nascer.
Não é imaginável a dor deles. Faltavam dois meses. E eu, com o cérebro paralisado, só conseguia focar-me na ideia de que havia estado sempre tudo bem e de que eles já tinham tudo... Tudo! Só faltavam dois meses.
Passou quase uma semana e ainda não se tornou real em mim. Apesar de ser o pensamento de todas as horas.
É uma indignação para com a vida. Inexplicável. É um medo antecipado de um dia ser eu a viver uma dor que me irá engolir.
E os sonhos? E os planos? E o amor? Um amor tão grande que já o era antes de ser. Que se tornou num sofrimento proporcional.
Porra, o que se faz a um amor destes?

Maria Amor


20 de março de 2014

Pensamentos profundos e meio tontos destas quintas-feiras

Depois de uma semana inteirinha a trabalhar que nem uma louca, o dia de amanhã espera-se mais calmo. O corpo ainda não abrandou e estranha este refrear de ritmo, meio repentino. 
A cama abraça-me, infinitas vezes mais acolhedora que a cadeira onde passo horas ao computador. O cérebro, esse não desliga. Como fazer para poder fazer tudo o que quero? Tudo o que sonho? 
Tenho arriscado, não muito. Não tanto quanto poderia. O receio mora aqui no peito. Mas sinto, está tudo a alinhar-se para o salto. E, nesse momento, no momento certo, saltarei. Porque a vontade, em mim,será sempre maior do que a dúvida.
Pensamentos profundos e meio tontos destas quintas-feiras.

Maria Amor 

19 de março de 2014

Obrigada Pai

Dia do Pai.
Um dia para pensar. Um dia não muito fácil.
Um beijo dado por telefone. Com lágrimas engolidas a seco. Com saudade e culpa. Com muita pena de escolhas feitas outrora.
Ainda assim, com um amor que nos ensinaram incondicional: capaz de tudo. De perdões muito maiores que a tal culpa. De um gostar sem fim. De uma compreensão para além dos gestos e das palavras. De um saber que estamos sempre, sempre lá.
No fim, acredito que estarás sempre lá para não deixar que nada, nada de mal nos aconteça.
No meio de tantas voltas e reviravoltas que esta vida tem dado, apesar de tudo, tudo, tudo, Obrigada Pai.

Maria Amor

P.S. - Provavelmente, nunca lerás estas palavras. Sei que as sentes. Tal como eu.

18 de março de 2014

E saboreio, saboreio

Todos os dias deveriam terminar como o de ontem. Tanto amor. E desejo. E mimo. E urgência (de ti). E calma (por te ter).
Todos os dias deveriam começar como o de hoje. Com conversas sobre a vida. Com conversas para a vida. Daquelas que libertam (a alma) e nos prendem (o coração).
Todos os dias deveriam ser cheios. De amor, de amizade, de pequenas pausas, de conquistas (em nós, e nos outros), de sentimentos bons. Às vezes não são. 
Mas ontem e hoje, sim. Com uma intensidade que cunha em mim algo tão  genuíno. Talvez seja disto que é feita a felicidade.
E saboreio, saboreio. E não me canso. E é também a gratidão, que se sente aqui dentro.

Maria Amor

12 de março de 2014

A semana vai voar, pressinto

Hoje foi como se fosse segunda-feira. Ontem não trabalhei. O corpo recusou-se. A mente também. Entreguei-me à tristeza e a desesperança levou a melhor. Mal sabia que hoje iam chover convites e propostas, de projectos, de comunicações. Porque, disseram-me, "Tens tanto jeito para falar com as pessoas."
Foi assim uma espécie de chapada. Quase um "abre os olhos para a vida".
Meti mãos ao trabalho e ainda aqui estou. O cérebro não pára. Ainda sem ideias concretas mas num fervilhar imenso e intenso.
A semana vai voar, pressinto.

Maria Amor

7 de março de 2014

Só tu podes ver-me a alma

Ontem por volta desta hora, no escuro, acordei. Abri os olhos e lá estavas tu, muito calado, a mirar-me. 
Por um segundo, assustei-me!
Aninhei-me, mais ainda. Adormeci.
Sabes, só tu podes ver-me a alma, assim.
Amanhã será um dia bom, tu estarás de novo aqui. E eu saberei que me guardas.

Maria Amor

5 de março de 2014

Um cigarro

Observo-o a enrolar um cigarro.
Como tudo é sexy nele. Os dedos a apalparem o tabaco, ainda dentro da onça. Como que a escolher minuciosamente os fiapos que lhe darão o maior prazer. O filtro colocado no sítio e, num ápice, sai o cigarro mais perfeito. Coloca-o na boca e vai fazer qualquer coisa, nada urgente, nada importante.
Olho de relance, ele apercebe-se e pisca-me o olho. "Sacana, dás cabo de mim com essa malícia."
Acende o cigarro, uma barofada de fumo é projectada.
Desarmas-me.

Maria Amor

Mesmo sem lho ter dito por palavras

Ter uma irmã é ter o amor incondicional de que um dia ouvimos falar. É um amor genuíno. Que não precisa de grande coisa para se alimentar. É um saber constante de que se o nosso mundo ruir, essa pessoa estará lá certamente. Para dar colo, para fazer coisas tontas tal e qual quando éramos pequenas, para não nos exigir grandes explicações.
É podermos mostrar as nossas maiores fraquezas, é pensar que nos estamos a zangar a sério e passados trinta segundos está tudo bem. É rir de coisas que não têm piada nenhuma. É termos uma amizade em que não temos interesses comuns, em que os feitios são diferentes, em que as opções de vida estão longe de ser semelhantes mas, ainda assim, é a amizade mais certa. É unirmo-nos contra as injustiças do mundo debaixo de uma manta e um balde de pipocas. É um querer mais para ela do que para mim e saber que ao contrário é igual. É um olhar cheio de carinho e admiração, por tudo o que ela é e representa. Mesmo sem lho ter dito por palavras.

Maria Amor

4 de março de 2014

Vou derreter-me

Não foi um dia com máscaras, muito pelo contrário. Foi um dia de verdade. A somar aos três que já lá vão. Poder acordar, passar o dia e voltar a adormecer na companhia da pessoa mais importante é uma felicidade só.Ser eu mesma, dividir cada pedaço de mim, rir muito.
Gostava que todos os dias fossem assim, ausentes de ausência. Preenchidos de mimo. Cheios de significado. Dias em que cada acordar faz sentido. (Estou cansada do sentimento de saudade que vulgarmente me dá  os bons-dias e as boas-noites.)
Já não vai durar muito, esta pausa que a vida me deu, mas sabe sempre a céu. Dentro de instantes o sorriso por detrás do mau-feitio causado por um dia  de trabalho irromperá e eu, vou derreter-me.

Maria Amor





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3 de março de 2014

Esta semana

Esta semana, se tudo correr mais ou menos como previsto, vai passar num ai. Tento convencer-me a mim mesma que este desejo desenfreado de que o tempo passe e chegue rápido o fim-de-semana não é saudável, mas são os sábados e os domingos que me fazem mais feliz. Não consigo evitar.
Ando numa ambivalência em relação a tudo, ou quase tudo. Apetece-me estar no meu mundo, pensar com calma, alinhar tantas coisas que sei serem importantes. Com tempo.
O regresso ao trabalho, oficialmente, será só na quinta-feira. Oficialmente.
Até lá, quero poder mergulhar num mar de mimos, esquecer (dentro do possível) que há horários e obrigações, aninhar-me no meu porto de abrigo, respirar devagar e em conjunto, sorrir de cumplicidade, adormecer sem mil voltas de desânimo.
Será uma boa semana.

Maria Amor