23 de junho de 2014

Temos que nos contentar com segundas opções

A segunda-feira nunca é fácil. Há quase um ano que começa com um Adeus. E os "Adeuses" doem. Doem no passar das horas. Doem quando se chega a casa e aquele sorriso que nos preenche não está. Doem na altura de nos aninharmos para dormir. Doem quando pensamos no começo de um novo dia.
Mas a vida, neste momento, é assim. Não pode mesmo ser de outra forma. E cabe-me aceitar. Contrariar a tristeza. "Forçar-me a ter forças" e vontade de brilhar. Obrigar-me a ver coisas boas e positivas (que as há) quando só me apetece entrar em negação total.
Só faltam duas horas para terminar o dia de trabalho. Há dias em que temos que nos contentar com segundas opções e, hoje, o aconchego da minha casa, mesmo vazia, é uma boa segunda opção.

Maria Amor

19 de junho de 2014

Tudo tão natural, tão lógico para mim, tão óbvio

Estar numa esplanada a uma quinta-feira à tarde é um luxo. Que vai acabar brevemente. O trabalho começa a aumentar a olhos vistos. O sorriso também.
Sinto-me no caminho certo. As relações fortalecem-se. O sentimento de pertença aumenta. A dedicação cresce. O alinhamento de ideias, o "vestir a camisola", o vibrar com os valores defendidos... Tudo tão natural, tão lógico para mim, tão óbvio. Sem custos, sem sacrifícios, com toda a convicção. E o desejo secreto de que daqui a um ano me renovem pelo bom trabalho. 
Aquele receio de não estar suficientemente à altura (e que considero tão necessário que esteja presente para que nos tentemos sempre superar) também já se faz notar. É o peso da responsabilidade, chamo-lhe eu. 
Mais uma semana, boa, a chegar ao final. E o fim-de-semana mais feliz a esperar por mim, por nós.

Maria Amor

18 de junho de 2014

Magoa o coração

Não consigo conceber que uma pessoa viva em sofrimento por causa do trabalho. Aliás, sei bem o que isso é. O que na realidade não consigo aceitar é que uma pessoa sofra e não faça nada para que isso mude, seja trabalho ou outra coisa qualquer.
O trabalho acaba por saltar à vista porque é algo com que temos de lidar todos os dias, oito horas por dia, no mínimo. Obviamente, ao fim de um tempo, o sofrimento pelo qual estamos a passar torna-se totalmente insustentável e uma pessoa "passa-se de vez".
Já estive assim. E, de facto, só fui capaz de agir quando cheguei a um limite, a um extremo. Quando me apercebi que a minha vida estava a ficar dominada por todo aquele azedume e desespero. Quando o choro era constante. Quando nada do que me dissessem ou acontecesse de bom no meu dia-a-dia me fazia sorrir.
Mas, com o meu sofrimento posso eu bem. A maior dor é ver a pessoa que mais adoro a passar por isto, e não conseguir fazer absolutamente nada. É uma impotência que magoa o coração. 

Maria Amor

17 de junho de 2014

Aliás...

Que dia "chocho". Não gosto desta palavra. Tal como não estou a gostar do dia.
As horas estão a demorar a passar. Não vou poder ir directa para casa. Ainda só é terça-feira. Estou com um humor de cão.
Apesar de não me poder queixar grandemente da minha vida, estar longe de quem amamos custa. E há dias em que custa mais do que outros. Dias como o de hoje. Dias em que ambos estamos de mal com isto tudo. E depois, não há meio de haver aquele olhar reconciliador. Não há a possibilidade de abraço que serenaria as almas mais inquietas. São estes momentos que realmente me revoltam. Quando estamos juntos não há mal que não passe rápido. Quando estamos longe, qualquer grão de areia parece um pedregulho dentro do sapato.
Discute-se o futuro. Ou a falta de perspectiva de futuro. Dói na alma ter de sonhar pouco. Dói na alma não poder ser eu... nesta parte dos sonhos. Porque sempre sonhei muito e muito alto. Dou por mim a puxar-me para a realidade, continuamente, e é uma treta. Mas não há forma. A distância que é muita, o dinheiro que é pouco, o emprego, que vai sendo. Como dar a volta a estas questões de base? Como sonhar para além de tudo isto? Aliás, como fazê-lo sonhar apesar de tudo isto? Um realista incurável. Optimista, mas duramente realista.

Maria Amor

É uma mistura de saudades

Tento viver devagar. Tento ir com calma. Mas há aquele momento em que tudo parece virar-se de pernas para o ar. Há luzes amarelas e encarnadas a piscar. Há sirenes a tocar. Como se gritassem "Despacha-te! A vida são três dias.".
Nesses momentos, que não são muitos mas de vez em quando dá-me para aí, é como se me faltasse o ar, o tempo, os dias. É como se a vida tivesse que ser vivida em cinco minutos. E sinto que ninguém (ele) me percebe. Porque ele sabe viver um dia de cada vez.
Mas eu, eu queria todas as juras, todas as promessas, eu queria tudo a acontecer no dia seguinte.
É uma mistura de saudades pelo que já vivi, pelo que hei-de viver. É uma saudade constante, porque ele está longe. E sinto a vida a gastar-se.

Maria Amor

16 de junho de 2014

Numa realidade paralela

Depois de uma boa semana tudo se completou num excelente fim-de-semana.
A melhor praia, o melhor sol, o maior amor. Acordar mergulhada na natureza, aninhada num abraço infinito, ouvir o som do mar. Tudo com uma calma estonteante. Numa realidade paralela.
Chegar a casa à meia-noite e arrumar tudo para a semana que entra, em cinco minutos. E correr rápido para os braços dele, porque agora só daqui a cinco dias voltamos a sorrir com a mesma intensidade.

Maria Amor

13 de junho de 2014

É isto a felicidade, não é?

Sexta-feira 13.
O melhor dia da semana. O último. A correr tão bem. Com os olhos postos no fim-de-semana. No que ele promete. Amor, praia, descanso, calor.
Estes últimos dias têm sido de corrida mas não a correr. O foco no que está a acontecer é cada vez maior. A disponibilidade, a motivação, a vontade "de fazer bonito" são cada vez maiores. Os sorrisos são uma confirmação. As relações vão-se estreitando. É bom. Dá ânimo.
Eu, sigo com a missão de fazer um bom trabalho mas, além de tudo, com a missão de me manter fiel a mim mesma e às aprendizagens que vou fazendo.
Há valores que fazem cada vez mais sentido. Valores com os quais me identifico e pelos quais quero pautar a minha vida, a minha prática profissional: a verdade, a crença no que faço, o mostrar a minha voz e de fender uma posição.
Foi uma boa semana. O começo real do que há-de vir. É isto a felicidade, não é?

Maria Amor

11 de junho de 2014

O que me alegra?

Fim-de-semana tão bom. Alguns passos percorridos no caminho de aprender a não fazer nada. É loucura, eu sei. Normalmente é ao contrário, também sei. Passar dois dias sem ligar o computador porque tenho de terminar um trabalho urgente, porque tenho de enviar um e-mail que não pode esperar umas horas, porque tenho de acrescentar um vírgula aqui ou ali não é uma coisa fácil para mim. Não o é porque foi tempo de mais neste registo e, apesar de toda a fartura que pudesse ter, era um modo de estar (que acabava por fazer mais mal aos que me rodeavam do que propriamente a mim, que nunca dramatizei o facto de não ter um fim-de-semana só para descansar).
Mas tenho feito um grande esforço. Durante o dia, em que estou distraída, a coisa corre bem. Quando a noite começa a cair, confesso, sinto uma ansiedade crescente. "Não fiz nada o fim-de-semana inteiro, como é possível?", é este tipo de pensamentos que me assalta.
Mas aí entra ele, com toda a sua descontracção, e me relembra o significado do conceito "fim-de-semana".

Hoje foi um regresso ao trabalho com muita motivação. Por ser quarta-feira mas, também, por ter descansado. É esta a grande diferença que noto no início das semanas, venho renovada! No entanto, continuo a contrariar todas as regras de gestão do tempo que conheço (burra!) e ando aqui num pandemónio a tentar dar conta do recado. O que me alegra? É trabalho de escrita. E posso escrever (mais ou menos) à minha vontade. E foi num ápice enquanto a manhã passou. E daqui a pouco, é fim-de-semana outra vez.

Maria Amor

6 de junho de 2014

Há muito, muito tempo

Tudo está bem quando acaba bem. Foi uma semana vivida no rescaldo da decisão tomada. Uma decisão que não foi aceite pela chefe. Que não foi, infelizmente, nada cordial na forma como mo fez saber.
Depois de dias em que o silêncio reinou, o e-mail recebido ontem já durante a madrugada deu a entender, no mais profundo tom de gozo, que esperava que eu organizasse a minha vida e voltasse (apeteceu-me gritar-lhe bem alto que a minha vida, agora que estou longe dela, está mais organizada do que nunca!). Perguntou também se eu estava mais calma (este era o momento em que lhe gritava bem alto que sempre estive calma, sempre, excepto quando tinha que me desdobrar e deixar de ter vida para atender às loucuras pessoais dela). Por fim, diz que tenho de permanecer num dos projectos porque sim, porque ela quer (e aqui, já fora de mim, gritar-lhe-ia: "Mas você paga-me para isto? Nem um cêntimo, por isso cale essa matraca e nunca mais me dirija a palavra!").
Não fiz nada disto. Fui tão estupidamente educada que só me faltou dizer que era com muita pena que vinha embora. Sublinhei bem sublinhado que já não poderia contar comigo e, a partir de hoje, acabou.
Bem sei que esta minha resposta fará com que ela se "atire ao ar", principalmente, por não ter cedido nem perdido o decoro. Agora, só estou da indecisão se marco o e-mail dela como spam ou não (gargalhada maléfica).
Há muito, muito tempo que não me sentia tão feliz.

Maria Amor

3 de junho de 2014

"Não me interessa se falam bem ou se falam mal, o importante é que falem"

Pior do que chegar atrasada a uma reunião de 200 pessoas é, a meio da mesma, ser convidada a levantar-me e ser apresentada àquele mar de gente. Tenho a ligeira sensação que passei por todas as cores do arco-íris, fiz um adeus tímido e voltei a tentar desaparecer. Já era tarde.
O burburinho instalou-se. E dura até agora. Não houve uma pessoa apenas que, desde aquele momento, olhe para mim como mais um colaborador dentro da empresa. Sinto-me um bicho meio estranho!
Mas, já estou como o outro "Não me interessa se falam bem ou se falam mal, o importante é que falem".
Brincadeiras fora, penso que pode ter ido muito importante para o desenvolvimento do trabalho que aí vem esta apresentação relâmpago. E agora, foco, a consulta seguinte espera-me.

Maria Amor

2 de junho de 2014

E é tão bom sentir que estou no caminho certo

É com um misto de estranheza e felicidade que escrevo duas vezes no mesmo dia. E depois de um dia cheio de tarefas. Por hoje já terminou tudo, agora sou só eu. E que bem que sabe, estar aqui por uns momentos sem pensar em mais nada. Perder-me no Pintrest, coisa que há tanto tempo não fazia, e focar-me em ideias novas, daquelas que nos enchem os dias. Ler uma série de blogs em atraso. Ler meia dúzia de páginas de um livro novo.
Se me pedissem neste exacto momento para definir felicidade eu facilmente diria que é "ter tempo para desfrutar do tempo". Já olhei para o relógio um sem número de vezes. Sim, isto é real. Tenho um bocadinho de tempo para mim. E o cão está passeado. E a casa está arrumada. E não há trabalho ao serão.
Quero fazer disto um hábito porque assim o dia de amanhã não custará a chegar, nem a passar.
Quero voltar a sentir que é fácil viver. E é tão bom sentir que estou no caminho certo.

Maria Amor

Foi a minha razão de peso nesta decisão

As duas últimas semanas foram semanas como não me recordo de ter, há muito. Foram semanas tão incrivelmente más que me fizeram tomar A decisão.
Saí de um dos sítios onde trabalhava. No que trabalhava há mais tempo. No que me gastava (e agastava) mais tempo. No que não via futuro. No que não via paixão, nem motivação, nem crença, nem qualquer razão para continuar. E, assim, depois de dois anos decidi. Saí.
Desde então tudo parece mais leve. O trabalho das 8 às 5 continua mas, depois dessa hora, tenho uma vida que, por sinal, até gosto.
Passaram ainda poucos dias da tomada de decisão mas, por incrível que pareça, sinto que ando a levitar. Como é possível que algo nos roube assim tanto de nós?
Foi a minha razão de peso nesta decisão, sem dúvida. Preciso de olhar para mim e saber quem sou. Preciso de olhar para o meu trabalho e vê-lo como uma extensão de mim mesma. Preciso que seja uma camisola que eu queira muito vestir. Preciso, acima de tudo, sabê-lo com muita qualidade. Com toda a que eu lhe conseguir imprimir. Preciso reconhecê-lo: franco, leal, honesto.
Onde estava, já não era assim. Qualquer coisa servia, o "em cima do joelho" era ponto de ordem, o "adiar" palavra do dia. Estava a perder-me. Era o sentimento. Mergulhada num mar de (mau) trabalho, sem alegria, sem querer regressar amanhã.
Sinto que às vezes há que encher os pulmões de ar, pensar por um instante se é este mesmo o caminho e, senão for, com muita coragem, saltar fora.
Agora posso expirar com calma. Descobrir o que está a acontecer, o que há-de vir. Com confiança. Com entrega. Com o entusiasmo que há muito se perdera.

Maria Amor